Por Caranguejo
John Marshall Watson, nasceu em Belfast, Irlanda do Norte. Piloto ativo nos anos setenta/oitenta, não era daqueles de encher os olhos. “Wattie” era cuidadoso, prudente, sabia a hora de dar o bote, e... parecia contar sempre com o imponderável, o inesperado, o “golpe de sorte”, se quiserem. Seu pai negociava carros e esporadicamente competia.
|
Wattie e o TUI F2 (1972) |
O jovem John deu então suas primeiras aceleradas no começo dos anos sessenta, com um Austin Healey. Sem maiores problemas e com apoio da família Watson alcançou a Fórmula 2, fazendo aparições em outras categorias como os Sport-cars ou F5000. Sua estréia na F1 ocorreu na Vitory Race em 1972, com o reformado March de Rolf Stommelen. No ano seguinte, foi incumbido da estréia do Brabham BT42 na Corrida dos Campeões.
|
Wattie na Eifelland March (1972) |
Sem dúvida, não deve sua melhor lembrança: na sétima volta, estampou um guard-rail e quebrou a perna. Mas em julho já estava recuperado para encarar seu primeiro GP oficial, em Silverstone, com um velho Brabham BT37, da equipe Hexagon, de Paul Michaels e Tony Brown, a qual era ligado desde os tempos das Fórmulas menores.
O contato com a Brabham portanto, continuou firme e graças a ele, Watson pode participar de sua primeira temporada completa na F1 em 74. Um sexto lugar em Mônaco e um sétimo em Zandvoort, estimularam a dupla Michaels-Brown a investir num carro novo e assim Wattie estreou um BT44 no GP de Nurburgring. Quarto em Osterreichring, sétimo em Monza, quinto em Watkins Glen... a estrela do barbudo Watson era mesmo brilhante. Mas de vez em quando, ficava opaca. O Team Hexagon não teve meios de continuar sua aventura em 75 e lá foi Watson, correr na Surtees. O modelo TS16 já havia sido abandonado por três pilotos (e o quarto morrera pilotando-o). Torná-lo competitivo exigiria muito mais do que sorte. John percebeu isso e sem conseguir marcar pontos com o Surtees, chegou a pilotar para a Lotus em Nurburgring, substituindo Jacky Ickx, mas firmou-se na Penske Racing, que buscava um substituto para Mark Donohue, falecido no GP da Áustria.
Em 1976, o ulsterman se encontrou: fez três pódios; venceu o GP da Áustria, onde Donohue havia morrido; marcou vinte pontos e terminou a temporada em uma honrosa sétima colocação. Tudo lindo, mas Roger Penske estava deixando a F1. Outra vez na lista dos desempregados (e agora sem barba, promessa paga depois da vitória), sua velha ligação-Brabham o salvou.
Em 77, iria formar dupla com José Carlos Pace, mas obviamente, Moco era o líder do time. Porém...o piloto brasileiro faleceu em um acidente de avião e de repente, Wattie foi catapultado para a condição de primeiro piloto. Todavia, sua temporada não foi das melhores: uma pole position em Mônaco; um segundo lugar em Dijon-Prenois e muitas quebras ou acidentes, que entretanto, o mantiveram na Brabham para 78, ao lado de Niki Lauda.
|
Watson com o Lotus 72F - GP da Alemanha - 1975 |
|
Watson com o Brabham Alfa BT45B - GP de Mônaco - 1977 |
Talvez desobrigado de liderar o time, John fez um boa temporada. Três pódios, vinte e cinco pontos, sexto lugar no campeonato. Seria preciso que um superdotado surgisse para tirá-lo do time e então apareceu Nelson Piquet. Mas também aconteciam tragédias. Pilotos morrendo e sendo substituídos. Ronnie Peterson, cujas negociações com a McLaren já estavam adiantadas faleceu em Monza. A equipe de Teddy Mayer precisava de um piloto. Chamou Watson. Contudo o modelo M28 era mal nascido.
|
Watson e Niki Lauda - Brabham BT46A - GP da França - 1978 |
O começo promissor com um terceiro lugar em Buenos Aires não se confirmou e o McLaren M29, que surgiu no meio da temporada também não deu alegrias. Em 80 a McLaren estava em processo de mudança. Wattie conseguiu dois quartos lugares, em Long Beach e Montreal e aguardou. A chegada de Ron Dennis e do projetista John Barnard em 1981, revitalizou a equipe com o carro fabricado em fibra de carbono. Watson era um piloto experiente. Ele soube tirar proveito do novo MP4 e teve um excelente ano, marcando vinte e sete pontos e concluindo na sexta posição, mas o mais importante foi a volta ao topo do pódio, no GP de Silverstone, onde entrou para a história da categoria como o primeiro vencedor com um carro de fibra de carbono.
Haviam coisas que pareciam estar à espera de John Watson. A Curva di Lesmo também o aguardava, mas mesmo após uma violenta batida no guard-rail no GP de Monza (que partiu o carro no meio) Watson saiu andando. Mas o melhor estava por vir. 1982, temporada cheia de nuances, acidentes, brigas, greves e que tais. Uma série de bons resultados e duas vitórias, em Zolder e Detroit, onde largou na décima sétima posição, o colocaram em posição de disputar com Keke Rosberg o título da temporada, depois que Didier Pironi acidentou-se em Hockenheim.
|
Watson - McLaren MP4/1B - GP da África do Sul - 1982 |
Mas uma sequência de três quebras (Silverstone, Paul Ricard e Hockenheim) o prejudicaram e Watson terminou o ano na terceira colocação com 39 pontos. Em 83, sua última temporada completa, consegue mais uma vitória surpreendente. Venceu em Long Beach, largando da vigésima segunda posição.
|
Wattie - McLaren M28 - GP da Argentina - 1979 |
Substituído por Prost na McLaren, o veterano irlandês se afastou das pistas, para ficar ao lado de sua esposa, Barbro, a viúva de Ronnie Peterson.
Fez um retorno em 85, com o carro de Niki Lauda no GP da Europa em Brands Hatch. Terminou em sétimo, à duas voltas de Mansell e essa foi a sua despedida.
Uma volta aos sport-cars, algumas participações em Le Mans e Watson tornou-se um comentarista da TV britânica nos anos noventa.
O choque pela morte de Barbro em 1987 o afetou, mas nada que o fizesse desistir.
Este é um homem que sempre soube reinventar-se, um favorito das oportunidades.
Atualmente, trabalha para o Sky Sports e pode contar também que foi um dos dois pilotos que utilizou o #1 em seu carro, quando substituiu Lauda em 1985, sem que tenha chegado a ser campeão.
|
Watson substituindo Lauda - McLaren MP4/2B - GP da Europa - 1985 |