domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fracasso... (1)


No dia 29 de novembro de 1975, Graham Hill e alguns membros de sua equipe - o piloto Tony Brise, os mecânicos Tony Alcock e Terry Richards, o team manager Ray Brimble e o projetista Andrew Smallman, voltavam de Paul Ricard - onde houvera um teste coletivo da categoria - para a Inglaterra, no Piper Aztec de propriedade do antigo bicampeão mundial.

Em meio à densa neblina, Hill tentou pousar de emergência num clube de golfe que conhecia e que estava no caminho do campo de pouso de Biggin Hill, próximo a Brands Hatch, onde sempre decolava e chegava com suas aeronaves. Mas a aeronave caiu perto do quarto buraco do Arkley Golf Club e ao se espatifar de encontro ao solo, houve incêndio. Todos os ocupantes do Piper Aztec morreram.

Acabou assim, de forma trágica, a trajetória da equipe Embassy-Hill na Fórmula 1. Um sonho iniciado em 1973, quando o velho Graham, já com 44 anos de idade, comprou um Shadow DN1 e com ele disputou grande parte do Mundial daquele ano.

Em 1974, trocou o modelo estadunidense pelo Lola T370, com o qual sua equipe marcou um ponto no Mundial de Construtores. E no ano seguinte, o último da escuderia e o da aposentadoria de Graham Hill, a equipe teve - além dele - Tony Brise, Rolf Stommelen, Alan Jones, Vern Schuppan e François Migault como pilotos.

Stommelen, aliás, sofreu no GP da Espanha, no circuito Parc Montjuich, um dos mais aterradores acidentes da Fórmula 1 e é difícil acreditar que o alemão saiu com vida daquele desastre.
Com o Hill GH1, Brise chegou em 6º lugar no GP da Suécia e Alan Jones foi o 5º no GP da Alemanha. O modelo GH2, segundo projeto da equipe e de Andrew Smallman, era um dos mais interessantes carros para o Mundial de 1976. Conservava o periscópio que seria abolido a partir do GP da Espanha, mas tinha as laterais mais baixas, o aerofólio traseiro e a seção dianteira com um novo desenho.

Um projeto promissor, que infelizmente foi abortado em razão de uma grande tragédia, que não só encerrou as atividades da equipe, como também representou uma perda imensa para a esposa Betty e toda a família, que demorou anos para se reerguer.

E como a vida imita a arte, Damon Hill, filho de Graham, tornou-se o primeiro representante da segunda geração de campeões a ser o número 1 da Fórmula 1, embora seja um dos vitoriosos mais contestados de toda a história da categoria.

TÚNEL DO TEMPO (V)

GP de Mônaco de 1985.



Teo Fabi com o Toleman-Hart TG185. O italiano abandonou a prova com problemas no turbo. 

O vencedor foi Alain Prost, da McLaren-TAG. Em segundo ficou o italiano Michele Alboreto da Ferrari e em terceiro o também italiano Elio de Angelis da Lótus.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mike Hawthorn: 50 anos depois


Para lembrar os 50 anos da morte de Mike Hawthorn, completados na última quinta-feira, dia 22, a cidade de Farnham, onde ele viveu durante muitos anos, realizou ontem uma cerimônia religiosa na Igreja de Saint Andrews. Estiveram presentes os ex-pilotos Stirling Moss e Damon Hill. Foi uma justa homenagem a quem até hoje é lembrado por ter sido o primeiro piloto inglês a conquistar um título na Fórmula-1, em 1958.

O envolvimento de John Michael Hawthorn com o automobilismo começou muito cedo. Seu pai, Leslie, um ex-motociclista do período pré-guerra, era dono de uma pequena oficina e proporcionava ao pequeno Mike um contato diário com carros e motos de todos os tipos. Não demorou para que, aos nove anos, o garoto tomasse a decisão de tornar-se piloto de corridas quando crescesse.

Seu pai, apesar de incentivar o sonho, ainda tentou prepará-lo para ajudar nos negócios da família, matriculando-o em uma escola técnica, mas os interesses de Mike estavam bem longe dos estudos. Em qualquer oportunidade que surgisse, lá estava ele, acompanhando as provas que eram disputadas no circuito de Brooklands.

O início nas pistas

Aos 21 anos, Hawthorn dá início à sua bem-sucedida carreira, correndo pela Fórmula-2, onde progride rapidamente, chamando a atenção de todos os que o acompanhavam nas pistas. A estréia na Fórmula-1 ocorre em 1952, no GP da Bélgica, ainda correndo de Fórmula-2 - o que era permitido pelo regulamento daquele ano - e terminando a corrida com um excelente quarto lugar. Na Inglaterra, já correndo pela Cooper, conquista o primeiro pódio e, graças à sua regularidade e mais um quarto lugar na Holanda, termina o campeonato na quinta colocação. Nada mau para um estreante.

Tais resultados foram suficientes para que Mike assinasse com a Ferrari para disputar a temporada seguinte. E é pela equipe italiana que conquista sua primeira vitória, no GP da França, em Reims, depois de uma dura disputa com Juan Manuel Fangio. Em 1954, a morte de seu pai em um acidente de trânsito o abala profundamente, a ponto de influenciar diretamente seu desempenho nas pistas, obtendo seu melhor resultado com a vitória no GP da Espanha. Apesar disso, termina o campeonato em terceiro lugar, com 24,64 pontos.

A consagração

Em 1955, Hawthorn deixa a Ferrari e transfere-se para Vanwall, mas sem obter grandes resultados. Nesse mesmo ano, a bordo de um Jaguar D Type, vence as famosas 24 Horas de Le Mans, onde ocorre a maior tragédia do automobilismo mundial, que resulta na morte do piloto francês Pierre Levegh e de 80 espectadores. Na Fórmula-1, Hawthorn disputa ainda algumas provas pela Ferrari, obtendo resultados razoáveis, provavelmente em função do abalo causado pelo acidente em Le Mans.

No ano seguinte, novamente deixa a Ferrari para cair nos braços da BRM, e mais uma vez os resultados não são os esperados. Hawthorn disputa ainda uma prova pela Vanwall, na França, onde obtém apenas o décimo lugar. Em 1957, volta a correr pela Ferrari, onde encerraria sua carreira. Nesse mesmo ano, conquista dois pódios, mas nenhuma vitória, encerrando a temporada com 13 pontos e o quarto lugar na classificação geral. No ano seguinte, vem a conquista maior: o título de campeão, com apenas um ponto de vantagem sobre Stirling Moss, uma vitória na França e um total de sete pódios.

O fim de um campeão

A essa altura, o mais novo campeão mundial tinha perdido boa parte de seu interesse pelas corridas. Tudo o que queria a partir dali era se aposentar das pistas, cuidar dos negócios em Farnham e viver tranqüilamente ao lado de sua noiva, a modelo Jean Howart. E foi justamente o que aconteceu. Logo após a conquista do título, Hawthorn, precursor do uso da viseira no capacete e famoso por correr sempre trajando uma jaqueta verde e de gravata borboleta, anunciou sua saída definitiva da Fórmula-1.

O jovem campeão teve pouco tempo para curtir o título. Hawthorn morreria três meses depois em um acidente de estrada até hoje mal explicado, em Guildford, a caminho de Londres, ao perder o controle de sua Jaguar e bater de lado em uma árvore.

Até hoje, muitos atribuem como causa um suposto racha entre Hawthorn e Rob Walker, o chefe da BRM, que passava pelo local no momento do acidente. Walker negou essa versão até sua morte, em 2002, alegando que o encontro entre os dois não passara de uma coincidência. De qualquer forma, Hawthorn não viveria muito tempo, pois, pouco antes da conquista do título, fora diagnosticado com uma doença incurável nos rins. Segundo os médicos, a doença lhe daria apenas um ano e meio de vida.

Seu funeral, seis dias após o acidente, foi acompanhado por milhares pessoas, apesar do desejo da mãe de Hawthorn para que a cerimônia fosse restrita a amigos e familiares.

Entre seus colegas da Fórmula-1, estiveram presentes no enterro seu amigo e rival Stirling Moss, além de Duncan Hamilton (com quem Hawthorn pretendia abrir um negócio quando se retirasse das pistas), Ivor Bueb, Rob Walker, Tony Rolt, Innes Ireland, Horace Gould e Graham Hill. E assim a Inglaterra se despediu de seu primeiro grande campeão.

Outras Informações:

Nascimento: 10 de abril de 1929
Local: Mexborough (Inglaterra)

Histórico na Fórmula-1:

Estréia: 1952 (GP da Bélgica / Leslie Hawthorn-Bristol)
Equipes: Leslie Hawthorn, Archie Bryde, Ferrari, Vanwall, BRM e Maserati
GPs Disputados: 45
Vitórias: 3
Pole Positions: 4
Largadas na 1ª Fila: 17
Melhores Voltas: 6
Voltas na Liderança: 225
Pódios: 18
Pontos: 112,64
Abandonos: 14
Melhor Resultado: Campeão (1958)