segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Nunca correu (1) - Ferrari 312B3 "Spazza Neve"...

Trata-se de um dos projetos de um mito das pistas que nunca deu certo: Ferrari 312 B3 Spazza Neve.

Este carro foi idealizado pelo então engenheiro chefe da Casa de Maranello, Mauro Forghieri. Naquela época, a Ferrari perdia terreno para os “garagistas” ingleses Lotus, Tyrrell e McLaren, todos com os motores Ford Cosworth V-8 de 450 cavalos. O Comendador Enzo achava inconcebível que suas máquinas, dotadas de poderosos motores de 12 cilindros flat, perdessem para um grupo de construtores ’sem alma’.

Forghieri então foi à luta. Conseguiu que pela primeira vez a equipe italiana abandonasse o sistema de construção de chassis em treliça e encomendou à firma inglesa Thompson o desenho de um monocoque em alumínio. Com base no projeto da 312 B3 que estrearia naquele ano de 73, ele fez profundas e espantosas alterações de aerodinâmica, pouco convencionais para a época.

Notem pela foto que o desenho do spoiler dianteiro se assemelhava, de fato, às pás próprias para a retirada de neve, fixadas em tratores ou até caminhões. As cavidades frontais são as entradas de ar para os radiadores.

Além disso, este modelo tinha um perfil muito mais largo que os monopostos de F-1 na época, num conceito que lembra bastante o carro-asa introduzido por Colin Chapman em 1977.

E o posicionamento do espelho retrovisor? Notaram alguma semelhança com outra Rossa?

O carro foi para a pista de Fiorano a fim de ser testado por Jacky Ickx e Arturo Merzario, que defenderiam a escuderia naquele ano de 1973. Ambos foram unânimes: o Spazza Neve era de fato um carro muito ruim e difícil de ser acertado. Reza a lenda que é o pior carro que a Ferrari já teve em toda a sua história - mais até que a F92A, de 1992.

O Spazza Neve, coerentemente, é peça de museu. Mas vendo assim, até que as idéias de Forghieri não eram ruins. Só foram mal-aplicadas e ainda numa época em que a Ferrari dividia suas atenções entre a F-1 e o Mundial de Marcas, onde acabaram derrotados pelo Matra MS670. O resto é história.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Não deu certo: March 2-4-0 Six Wheeler...

O 2-4-0 foi um projeto da equipe March para lançar um carro com seis rodas na F1. Na época, a categoria já tinha um carro assim, era o Tyrrell P34, mas esses projetos eram bem diferentes: enquanto o Tyrrell tinha duas pequenas rodas dianteiras e uma grande traseira, o March 2-4-0 tinha 6 rodas do mesmo tamanho e 2 eixos traseiros, tudo isso para privilegiar a tração sem perder eficiência aerodinâmica.

Este carro começou a ser desenvolvido em 76 pelo projetista Robin Herd e foi apoiado por Max Mosley, parceiro de Herd no projeto, que notava como a Tyrrell tinha ganhado em publicidade desde a criação do P34, e esperava-se o mesmo para a March.

Inicialmente, o carro era para ter as quatro rodas traseiras motrizes, mas um grande problema surgiu: era a concepção do cambio, algo extremamente complicado e que demandaria altos custos, coisa que a March não esbanjava muito.

No final de 76, a March apresenta o 2-4-0 à imprensa, trata-se do chassi 761 com profundas alterações. Ainda no final do ano, faz seu primeiro teste, o carro seria pilotado por Howden Ganley que foi ao circuito de Silverstone repleto de jornalistas que queriam ver a vedete do momento. O 2-4-0 começa mal, anda meia volta antes que o cambio quebre. Para não perder o teste e fazer feio diante da imprensa, os mecânicos prontamente fizeram uma adaptação e o March voltou a pista somente com um eixo motriz. Os jornalistas presentes nem perceberam a mudança, já que o dia era de chuva e o carro sequer tinha dado uma volta com tração nas quatro rodas traseiras.

Ganley voltou a fazer mais alguns testes enquanto uma nova caixa de cambio era feita pela March, mas sem expressivas melhoras. O carro chegou a ir a Interlagos no final de Janeiro, mas sequer entrou na pista. Nas duas primeiras provas do ano, a March usou os chassis de 76 evoluídos.

Em Fevereiro, o carro voltou a Silverstone com tração nas quatro rodas traseiras, desta vez a equipe também contava com Ian Scheckter. Scheckter e Ganley elogiaram muito o carro e disseram que ele tinha muita aderência e parecia andar sobre trilhos tamanha a tração.

Sem dinheiro e sem tempo o projeto 2-4-0 foi sumariamente cancelado, pois a March já havia gastado uma fortuna em um carro sem nenhuma confiabilidade, apesar de ser muito rápido. Depois do fato, a March voltou a ter seu carro normal com quatro rodas.

Engana-se quem pensa que o carro parou nestes testes, em 79, o piloto inglês Roy Lane, exímio "montanhista", pegou a transmissão do 2-4-0 e a adaptou num March 771 e o usou em provas de subida de montanhas na Inglaterra. O carro pilotodo por Lane tinha tração nas seis rodas e levava incrível vantagem sobre seus concorrentes, mas sucessivas quebras de cambio, fizeram Lane abandonar o projeto depois de muitas vitórias.

Este March foi a inspiração para a Williams fazer um super carro de seis rodas, que simplesmente aniquilou os recordes de Paul Ricard, mas isso fica para semana que vem.









quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Museu de Donington Park guarda a história da F-1

Ayrton Senna e Fangio são homenageados na entrada da 'Donington Grand Prix Exibition' A história do automobilismo em seu estado mais puro. Idealizada por Tom Wheatcroft, dono do circuito de Donington Park, a “Donington Grand Prix Exhibition” é a sede da maior coleção de modelos automobilísticos no mundo. Com cinco salões e mais de 130 carros, a visita ao museu é uma experiência única para os fãs de corridas.

Ayrton Senna, que tem uma estátua na entrada da exposição, é um dos destaques do museu. Além das McLarens dos três títulos, o museu tem a Toleman usada por ele em 1984, seu primeiro ano na Fórmula 1, e o modelo da melhor primeira volta da história, também no circuito de Donington Park, em 1993.

A McLaren, aliás, tem um salão dedicado a ela, com a maior coleção de carros da marca no mundo. Além dos modelos usados por Ayrton Senna, carros de Alain Prost, Niki Lauda e Mika Hakkinen enchem o local de história. Mais de 20 carros da equipe inglesa estão no “McLaren Hall”, aberto por John Watson, ex-piloto de Fórmula 1, com seis temporadas no time fundado pelo neozelandês Bruce McLaren.

Além das McLarens, a Vanwall, equipe britânica que correu entre 1954 e 1960, tem todos os seus carros de Fórmula 1 no museu de Donington, Outro modelo clássico é a Alfa Romeo Bimotore de 1936, que tinha dois motores de 500 cavalos cada e velocidade máxima de 322 km/h. A Lotus 25 de Jim Clark, campeã em 1963, e a de Stirling Moss, com a qual ele derrotou a Ferrari no GP de Mônaco de 1961, são outros carros importantíssimos na exposição .

Nelson Piquet não tem carros expostos

Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, é uma ausência sentida na exposição em Donington Park. Apesar dos vários modelos da Williams presentes no museu, a maioria deles é de Nigel Mansell, ídolo britânico, todos com o famoso “Red Five” (cinco vermelho).

Apesar de não existir uma versão oficial para a ausência dos carros de Nelson Piquet, boatos dão conta de que Tom Wheatcroft teria tentado comprar a Brabham do primeiro título do brasileiro. No entanto, ele recusou-se a vender o modelo, que tinha ganhado da equipe, chefiada por Bernie Ecclestone, como prêmio pela conquista.



O homem por trás da coleção

Atualmente com 86 anos, Tom Wheatcroft assistiu suas primeiras corridas em Donington Park em 1937 e 1938, vencidos pelas lendas Bernd Rosemeyer e Tazio Nuvolari, ambos em Auto Unions. Após construir uma fortuna com uma empreiteira na Inglaterra, ele montou uma equipe de Fórmula 2 e se arriscou em algumas corridas na F-1, com um Brabham BT26.

Em 1971, Wheatcroft comprou o circuito de Donington Park, local que seria a casa de sua coleção de carros. No ano seguinte, ele montou outra equipe para ajudar seu amigo e estrela em ascensão Roger Williamson na Fórmula 3 e na F-2 Européia. Alguns anos depois, o jovem piloto morreria no GP da Holanda, após se acidentar na oitava volta.Então, ele optou por se dedicar à sua maior paixão: o circuito de Donington Park. Wheatcroft reformou todo o autódromo e colocou a pista dentro de todos os padrões de segurança. Em 1977, ela voltou a receber corridas, com a mais importante em 1993: o GP da Europa de F-1. Quatro anos antes, em março de 1973, ele abriu a "Donington Grand Prix Exhibition"

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Morre o ex-campeão de F-1, Phil Hill


Primeiro americano campeão mundial de Fórmula 1, Phil Hill morreu nesta quinta-feira, na Califórnia, vítima de complicações do mal de Parkinson. Hill tinha 81 anos e se sagrou campeão pilotando uma Ferrari em 1961. Presidente da escuderia italiana, Luca di Montezemolo enviou nota à imprensa lamentando o falecimento.

- Eu, bem como todos os empregados da Ferrari, estamos extremamente tristes com a notícia da morte de Phil Hill, um homem e um campeão que deu muito à Ferrari e que sempre representou muito bem os valores da empresa dentro e fora das pistas.

Montezemolo fez questão de lembrar as conquistas do piloto americano, que depois teria seu feito igualado por Michael Andretti.

- O Phil correu e venceu muitas provas tanto de protótipo, como as 24h de Le Mans e as 12h de Sebring, como nos monopostos da Fórmula 1. O Phil e eu sempre mantivemos contato através dos anos e eu sei que perderei sua paixão e amor pelas Ferrari. Minhas condolências a sua esposa Alma e ao seu filho Derek neste momento triste.

Embora longe das pistas, Phil Hill nunca perdeu o contato com a Ferrari. Segundo Montezemolo, a equipe sempre teve um grande carinho pelo piloto, que era sempre convidado para os GPs de San Marino e da Itália todos os anos. Tanto a Ferrari, quanto a Fórmula 1, prometem uma homenagem a Hill no dia 7 de setembro, quando acontecerá o GP da Bélgica.