quarta-feira, 9 de março de 2011

Grandes Brasileiros (1): Aero Willys

Amigos, inicio hoje a série "Grandes Brasileiros", que vai mostrar aqui os automóveis fabricados em solo tupiniquim e que estão eternizados na memória e no gosto de nosso povo.

O primeiro veículo a desfilar aqui é o Aero Willys que tanto encantou e ainda encanta àqueles que admiram "grandes formas".

O Aero Willys brasileiro foi lançado em 25 de março de 1960, mas seu projeto vinha sendo discutido na montadora brasileira desde 1958. O Aero Willys era um carro herdado de um projeto americano que havia sido desativado por insucesso. Lá as versões desse automóvel eram conhecidas como Aero-Ace, Aero-Eagle, Aero-Wing, Bermuda (um cupê duas portas), fabricados pela Willys Overland dos EUA, com os componentes mecânicos dos Jeep Willys.

O ferramental veio para o Brasil e a Willys começou a produzir automóveis (apenas os modelos 4 portas). Toda a linha Aero foi concebida sobre a plataforma do Jeep, com suspensão e direção do Jeep, e com freios a tambor nas quatro rodas. Eram carros duros, com uma linha arredondada, típica do início dos anos 50, de gosto discutível, mas que representavam à época, a única opção para quem não quisesse entrar num Simca Chambord e precisasse de um automóvel maior que os Volkswagen, DKW e Dauphine. Seu motor era de seis cilindros em linha, o mesmo usado no Jeep (que mais tarde passou a ser usado no modelo Rural, e nos demais modelos derivados do Jeep, e até mesmo nos primeiros Mavericks fabricados pela Ford), a partir de 1973. Esse motor tinha uma característica incomum: a válvula de admissão situava-se no cabeçote, mas a válvula de escapamento ficava no bloco.


Em 1961 a diretoria da Willys Overland do Brasil tomou a decisão de inovar completamente o Aero Willys e torná-lo um carro inteiramente novo, com estilo próprio e linha inédita no catálogo internacional.

O início da fabricação deu-se em outubro de 1962 e sua primeira aparição foi em Paris, no mais famoso Salão do Automóvel do mundo. Entre as muitas novidades internacionais aparecia, um carrão com monobloco brasileiro, 110 cavalos no motor, concepção e estilos novos. Era o primeiro carro inteiramente concebido na América Latina.

Em julho de 1963 era lançado o Aero Willys 2600, o primeiro carro genuinamente brasileiro. As primeiras peças, como os primeiros carros eram inteiramente feitas à mão. O sucesso foi imediato, tanto que em 1966 foi lançado uma nova versão mais luxuosa batizada de Itamaraty, também chamado de Palácio sobre Rodas. O Itamaraty vinha equipado com acessórios a época sofisticados como bancos de couro e ar condicionado. Em 1967, foi lançada a Itamaraty Executivo, a primeira limusine fabricada em série no Brasil.

Em 1968 a Willys foi comprada pela Ford, que aos poucos foi fundindo o Aero Willys no seu Ford Galaxie. Houve uma tentativa de adaptação do motor V8 do Galaxie no Aero. Um dos engenheiros testou o desempenho do automovel, na estrada para Santos. Entretanto, a falta de estabilidade e deficiência de frenagem do carro com o potente motor V8, na estrada em descida e cheia de curvas, encerrou o episódio. Em 1971 a Ford anunciou que aquele seria o último ano de fabricação do automóvel, devido à queda nas vendas. Em 1972 foram vendidos os últimos Aero e Itamaratys, sendo sua mecânica utilizada como base do futuro Maverick, em 1973.

Histórico e ficha técnica:

AERO-WILLYS 2600

Lançado em 1960, o Aero-Willys era um sedã de quatro portas com características de vários modelos da linha Aero norte-americana.

Tinha perfil aerodinâmico, pára-lamas salientes, ampla área envidraçada e motor de 90 cv.

Três anos depois, o modelo foi redesenhado, ganhando linhas mais retas e agressivas, motor mais potente e revestimento de jacarandá no painel.

Em 1967, a Ford assumia o controle da Willys, e o Aero ganhava o motor de 3 litros e 130 cv. Em 1971, a Ford encerrava a produção do Aero, devido às baixas vendas e concorrência interna com o Galaxie. Ao todo foram fabricados 99.621 Aero-Willys e 17.216 Itamaraty.



AERO-WILLYS ITAMARATY 3000

Lançado em 1966, a versão mais sofisticada do Aero-Willys, batizada com nome de um palácio de Brasília, trazia mais cromados, nova grade dianteira e lanternas. O interior ainda trazia o painel de jacarandá maciço (que seria substituído por uma imitação de plástico nos Willys da Ford), bancos de couro e rádio. Na parte mecânica, ganhava um motor de 3 litros e 132 cv (140 cv na gestão Ford). Sua produção foi encerrada em 1971, junto com Aero-Willys.
 


AERO-WILLYS ITAMARATY EXECUTIVO 3000

A versão limusine do Aero-Willys foi construída em parceria com a Karmann-Ghia, ganhando centímetras extras entre as portas dianteiras e traseiras. A mecânica era a mesma do Itamaraty e trazia dois níveis de acabamento: Standard, com ar-condicionado, rádio toca-fitas, revestimento de couro e jacarandá, e Especial, com todas as regalias e barbeador elétrico. As duas versões vinham com dois bancos escamoteáveis. O primeiro modelo, um Executivo Especial, foi entregue ao presidente Castello Branco. Além desse, foram construídos mais 26 modelos.




Recordar é viver...

4 comentários:

Benedito Assis - Mariana/MG disse...

Cara, bela matéria sobre o Aero. Minha infãncia foi "cerca" de carros como o Aero. Nunca foi esquecer.

Vicente Marques / Conselheio Lafaiete-MG disse...

André, vc tem uma sensibilidade muito grande quando se trata de autos antigos. Parabéns

silas augusto BH disse...

Ainda quero ter um!

Cristiano Souza - Barbacena disse...

eu vi um aero willys e fiquei impressionado com sua beleza e charme. realmente um belo carro nacional. parabens pela materia.