terça-feira, 27 de julho de 2010

Nostalgia urbana (III) - Ford F100 - 1969


Raridade: achei essa linda pickup Ford F100, ano/modelo 1969 estacionada em frente ao CET (antiga escola industrial de Congonhas) e não resisti. Registrei de imediato esse que foi o primeiro veículo da Ford fabricado no Brasil em 1960. Não posso precisar a originalidade da cor mas é certo que esse modelo contemplava a pintura "saia e blusa". Agora, as rodas e pneus também não são originais. Mas ficou linda assim.

Um pouco da história:

A primeira marca automobilística a instalar-se oficialmente no Brasil foi a Ford, em 1919, com o propósito de montar o Ford Modelo T, recebido em CKD (completamente desmontado). A Ford só viria a fabricar automóveis de passeio nacionais em 1967. Antes disso (desde os meados dos anos 1950) produzia a linha de veículos pesados Ford, cujo utilitário leve era o F-100, dotado do mesmo motor V8 que viria a equipar o Galaxie. Muito eficiente, a caminhonete Ford teve uma versão luxo que servia para o trabalho e também para o lazer.

Em 1968, a F-100 foi agraciada com a suspensão dianteira independente "Twin-I-Beam", que trabalhava de maneira bem mais eficiente que o eixo rígido. Em 1972, a carroceira foi bastante modernizada, e a caminhonete passava a contar com certa leveza de linhas. Linhas suaves, suspensão competente e motor V8 faziam da F-100 o carro do "dono da fazenda", além de também ser o de trabalho. Em meados dos anos 1970, no auge da crise do petróleo, passou a ser equipada com o motor 2.300cm3 (de quatro cilindros). Era muito peso para um motor com vocação de passeio. No início dos anos 1980, com motorização a diesel, foi verdadeira "coqueluche".

FICHA TÉCNICA:

Origem e Fabricação: Ford - EUA, Ford - Brasil
Chassi e Carroceria: separados
Disposição: motor dianteiro e tração traseira
Motor: 8 cilindros em "V" OHV, 4.785cm3 e 190hp (SAE) a 4.400rpm
Câmbio: manual de 3 marchas

Recordar é viver...

Nostalgia urbana (II) - Ford Corcel - 1973


Já dizia Rauzito em sua bela canção "Ouro de Tolo": ...Eu devia estar feliz porque consegui comprar Um Corcel 73......

Pois é: esse ai flagrei próximo a praça da Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Um Ford Corcel - ano/modelo 1973. Está bem conservado! Só o bagageiro não é original.

Um pouco da história:

Quando em 1967, a Ford adquiriu a Willys, o projeto do automóvel que viria a ser batizado de Ford Corcel já estava adiantado. Era o Renault 12 francês, porém reestilizado e adaptado para o Brasil. Desde o lançamento - primeiro veio a versão sedã de quatro portas -, já estava prevista uma versão cupê e uma esportiva (GT). O Corcel foi um sucesso que, quanto mais tempo passava, mais consolidado ficava. Em 1977, foi lançado o Corcel II, uma reestilização completa do pioniero. Em 1982, sobre sua plataforma, foi fabricado o Del Rey, que sobreviveu até o início dos anos 1990. O Corcel nasceu para ser popular e saiu do mercado, 25 anos depois, como carro de prestígio da Ford e do mercado como um todo.

O Corcel ai da foto foi o grande produto da Ford no início da década de 70 e forçou a VW, Chevrolet e a Crhysler a lançarem novos produtos no mercado nacional. O ano de 1973 foi um marco importante para a indústria nacional de veículos.

Ficha Técnica:

Origem  e Fabricação: Renault - França, Ford - Brasil
Chassi e Carroceria: monobloco
Disposição: motor e tração dianteiros
Peso: 944kg em ordem de marcha
Entre eixos: 2.438mm
Motor: 4 cilindros OHV, 1.372cm3 e 85hp (SAE) a 5.400rpm
Câmbio: manual de 4 marchas

Recordar é viver...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Nostalgia urbana (I) - Rural Willys/Ford - 1970


Andando por ai, olha o que eu achei... uma Rural Willys/Ford, ano 1970, em bom estado de conservação... e a tradicional pintura “saia e blusa”. Este utilitário foi um dos veículos pioneiros da nossa indústria automotiva e ajudou a desenvolver nosso país.


Um pouco da história:

A Rural Willys/Ford era um Jeep que transportava passageiros e bagagem com mais conforto que o Jeep, sem abrir mão da capacidade de enfrentar qualquer estrada no Brasil dos anos 1950. É  o primeiro utilitário esporte da história, esporte aqui no sentido de lazer. Pode-se dizer sem medo de errar que é a avó do Jeep Cherokee, que tanto sucesso faz no mundo todo. 

Foi durante muito tempo um veículo extremamente desejado, e a fábrica submeteu a várias evoluções ao longo dos anos. Chegou ao extremo de adequá-la para uso mais civilizado, com tração traseira apenas e suspensão dianteira independente com molas hilicoidais, para aumentar o conforto de marcha.

FICHA TÉCNICA:

Origem e Fabricação: Willys - EUA, Willys - Brasil
Chassi e Carroceria: separados
Disposição: motor dianteiro e tração traseira (ou 4x4)
Peso: 1.488kg em ordem de marcha (1.586kg versão 4x4)
Entre eixos: 2.654mm
Motor: 6 cilindros em linha, com bloco e cabeçote em ferro fundido, refrigerado a água. Comando e válvulas de escapamento no bloco e de admissão no cabeçote - 90cv (SAE) a 4.000rpm, cilindrada total de 2.638cm3
Câmbio: manual com 4 marchas sincronizadas á frente e uma à ré (versão 4x4: 1ª não sincronizada; 3 marchas + reduzida e uma à ré).
Freios: dianteiro/traseiro a tambor

Recordar é viver...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Túnel do Tempo...

O Túnel do Tempo relembra um grande momento brasileiro na F1: a equipe Fittipaldi, que muito nos orgulhou enquanto esteve disputando corridas entre os anos de 1.975 a 1.982.

Na foto o piloto Keke Rosberg com o modelo Fittipaldi-Ford F7 durante a disputa do GP da Bélgica de 1980, em Zolder.

O
finlandês chegou na sétima posição. Didier Pironi (Ligier) foi o vencedor. Alan Jones e Carlos Reutemann (Williams) completaram o pódio.

 

terça-feira, 13 de outubro de 2009

As grandes viradas...


Rubinho está certo em esquecer a matemática e correr para a vitória, tanto em Interlagos como em Abu-Dhabi, e só fazer as contas quando a bandeira quadriculada baixar à sua frente. É uma atitude algébrica chamada, pelos versados na matéria, de “Equação de congruência”: ou seja: “Relação de congruência que se estabelece entre incógnitas, ou entre uma incógnita e uma constante”. Entenderam?

Resumindo, Rubinho Barrichello terá que ser, aritmeticamente incongruente para crer no título. Mas isso não será novidade, pois há bons exemplos de viradas matemáticas nas decisões dos títulos na história da Fórmula 1. Eis alguns casos:

Os azares do Leão da Metro

Talvez Nigel Mansell nem soubesse, mas seu apelido na mídia inglesa, até ganhar o título de 1992, era “Leão da Metro”. Uma alusão ao leão dos Estúdios da Metro, que aparece no início do filme e depois desaparece do espetáculo. Foi uma forma disfarçada dos seus conterrâneos para não consagrá-lo como um piloto azarado, depois das desastrosas derrotas nas decisões dos campeonatos de 1986, 1987 e 1991.

A decisão de 1986 foi a mais dramática. Mansell tinha tudo para ser campeão no GP da Austrália. Largou na pole position e tinha 70 pontos, contra 64 de Alain Prost e 63 de Nelson Piquet. Portanto, bastava ao Leão um simples quarto lugar para ganhar o título mundial, sem se preocupar com a posição dos rivais.
Mansell, ao contrário do seu estilo combativo, fez uma corrida mansa, de chegada, mantendo-se num estratégico quarto lugar. Na 57ª das 82 voltas, ele passou para terceiro e desfilava para o título sem ameaças, mas dois pneus furados, ambos direitos traseiros, mudaram a história do GP da Austrália e o destino do campeonato.
O pneu do Williams-Honda de Mansell furou na 63ª das 82 voltas, 100 metros após a entrada dos boxes, sendo impossível ao Leão vencer uma volta completa pelos 3,780 quilômetros do circuito australiano para fazer o pit stop. Ele bem que tentou, mas o que se viu foi a roda do Williams arrancar faísca do asfalto, na inglória tentativa do Leão de derrotar a má sorte. Já o afortunado Prost teve o pneu do McLaren furado 200 metros antes dos boxes, permitindo ao francês trocá-lo e voltar à pista para ganhar o bicampeonato.

Farina, de azarão a primeiro campeão

Juan Manuel Fangio, Luigi Fagioli e Giuseppe Farina – o famoso trio dos três efes da Alfa Romeo – chegaram ao GP da Itália de 1950, o último da primeira temporada da F-1, em condições matemáticas de ganhar o título. Fangio, o favorito, tinha 26 pontos, Fagioli 24 e Farina, o azarão, com 22, precisava ganhar e torcer para que nenhum dos adversários chegasse em segundo.

Foi a primeira decisão da história da Fórmula 1 na Itália e logo no autódromo de Monza, que virou um caldeirão superlotado e dividido; metade torcendo pelas Ferrari de Alberto Ascari e Dorino Serafini e outra e pelos patrícios Farina e Fagioli, mas todos secando o Fangio, o pole postion.

O argentino partiu possesso. Bateu o recorde da pista na quinta volta e repicou a façanha em outras três. Porém na 34ª das 80 voltas da corrida, o motor da sua Alfa 159 1.5, estourou. Farina assumiu a ponta, com Fagioli em 3º.

Luigi Fagioli lutou desesperadamente, mas “mesmo acelerando com os dois pés” - como declarou depois da prova – não conseguiu ultrapassar a Ferrari V12 4,5 litros, de Alberto Ascari, na luta pelo segundo lugar. A colocação, que lhe daria o título.
Era tudo de que Giuseppe “Nino” Farina precisava. Depois de 504 quilômetros e 2h51min ele, o azarão, venceu o grande prêmio e tornou-se, em 3 de setembro de 1950, o primeiro grande campeão da Fórmula 1 e herói da Itália.

Maracutaia dá título de 1958 a Mike Hawthorn

Mike Hawthorn foi o primeiro campeão inglês de Fórmula 1, mas sua façanha ficou marcada pela interferência do boxe da Ferrari. Quando o circo acampou em Monza, para o penúltimo grande prêmio de 1958, Hawthorn disputava o título com o conterrâneo Stirling Moss e a contagem estava 33 a 30 para o adversário. Mas, na corrida, o norte-americano Phil Hill, segundo piloto da Ferrari, era quem brigava pela vitória contra Tony Brooks, da Vanwall. E ai o boxe interferiu e ordenou que Hill cedesse o segundo lugar a Hawthorn, terceiro naquela altura da prova. Ele obedeceu, trocou de posição e Hawthorn que, com o segundo lugar e sem suor, folgou 6 pontos de Moss.
No GP seguinte, disputado em Marrocos, repetiu-se o expediente. Outra vez Phil Hill estava em segundo e, dessa vez, pronto para ultrapassar o Vanwall de Stirling Moss e ganhar a liderança, quando o boxe mandou ele aliviar e deixar Hawthorn ultrapassá-lo.
Mesmo com a vitória de Moss, Mike Hawthorn sagrou-se campeão, por um pontinho – 42 a 41. De prêmio, o obediente Phil Hill ganhou um contrato de três anos na Ferrari, escuderia pela qual foi campeão mundial – sem maracutaia – em 1961.

John Surtees, campeão em segundo. Graham Hill, vice em primeiro

Muitas corridas, e até títulos mundiais da Fórmula 1, tiveram decisões confusas e nem sempre desfechos justos. O do GP do México de 1964, por exemplo, está registrado como o grande prêmio do título mundial do inglês John Surtees, com a Ferrari 158. Mas, 45 anos depois, ainda existe quem conteste aquela conquista.
Era a última corrida da temporada, na qual Graham Hill, com 39 pontos, John Surtees, com 34, e Jim Clark, com 30, tinham chances matemáticas de ganhar o título mundial. Hill largou em sexto, Surtees em quarto e Clark na pole position. Mas foi o italiano Lorenzo Bandini, segundo piloto da Ferrari e terceiro no grid, quem acabou decidindo o grande prêmio e o campeonato.

Na 62ª das 65 voltas da corrida, Bandini, numa manobra suspeita, fechou o BRM de Hill, obrigando-o a sair da pista para evitar a colisão. O inglês retornou à prova em 11º, depois de perder uma volta.

Duas voltas depois, Bandini obstruiu temerariamente a passagem de Jim Clark, ao colocar o seu carro entre o Lotus do escocês e a Ferrari de Surtees, permitindo a seu parceiro de equipe receber a bandeirada em segundo, atrás de Dan Gurney, o vencedor com o Brabham-Climax. Essas manobras garantiram os títulos de piloto e de construtores à Ferrari.

Para a estatística ficou registrado John Surtees como o campeão e Graham Hill vice. A ironia é que Hill marcou com 41 pontos contra 40 de Surtees. Mas, como o regulamento daquele ano só permitia ao piloto computar os seis melhores resultados, das 10 corridas do calendário, Hill teve de abandonar 2 pontos, do quinto lugar conquistado no GP da Bélgica, contabilizando apenas 39 positivos.
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Wofgang von Trips - A morte dá a virada

Von Trips foi um conde alemão que competiu na F-1 com o pseudônimo de Graf Berghe, para se esconder da oposição familiar, totalmente contra as corridas de automóveis. Ele competiu em 27 grandes prêmios pela Ferrari, entre 1957 a 1961, e foi o primeiro piloto germânico a vencer grandes prêmios – quatro no total – e a chegar à decisão de um título mundial nos primeiros 45 anos da categoria.

Von Trips (1928-1961) morreu em um acidente no GP da Itália de 1961, em Monza, quando disputava o título com o norte-americano Phil Hill. Foi na segunda volta que a Ferrari do alemão enroscou no Lotus de Jim Clark e voou contra o público, matando 14 pessoas, além do piloto.

Apesar da tragédia, houve festa em Monza naquele 10 de setembro de 1961. A Ferrari ganhou os títulos de Construtores e o de Pilotos com Phil Hill que, com o 4º lugar, naquela corrida, ficou 1 ponto à frente e Von Trips (34 a 33). Já a Alemanha teve de aguardar mais 33 anos, para Michael Schumacher nascer e ter um campeão mundial de F-1.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fracasso... (1)


No dia 29 de novembro de 1975, Graham Hill e alguns membros de sua equipe - o piloto Tony Brise, os mecânicos Tony Alcock e Terry Richards, o team manager Ray Brimble e o projetista Andrew Smallman, voltavam de Paul Ricard - onde houvera um teste coletivo da categoria - para a Inglaterra, no Piper Aztec de propriedade do antigo bicampeão mundial.

Em meio à densa neblina, Hill tentou pousar de emergência num clube de golfe que conhecia e que estava no caminho do campo de pouso de Biggin Hill, próximo a Brands Hatch, onde sempre decolava e chegava com suas aeronaves. Mas a aeronave caiu perto do quarto buraco do Arkley Golf Club e ao se espatifar de encontro ao solo, houve incêndio. Todos os ocupantes do Piper Aztec morreram.

Acabou assim, de forma trágica, a trajetória da equipe Embassy-Hill na Fórmula 1. Um sonho iniciado em 1973, quando o velho Graham, já com 44 anos de idade, comprou um Shadow DN1 e com ele disputou grande parte do Mundial daquele ano.

Em 1974, trocou o modelo estadunidense pelo Lola T370, com o qual sua equipe marcou um ponto no Mundial de Construtores. E no ano seguinte, o último da escuderia e o da aposentadoria de Graham Hill, a equipe teve - além dele - Tony Brise, Rolf Stommelen, Alan Jones, Vern Schuppan e François Migault como pilotos.

Stommelen, aliás, sofreu no GP da Espanha, no circuito Parc Montjuich, um dos mais aterradores acidentes da Fórmula 1 e é difícil acreditar que o alemão saiu com vida daquele desastre.
Com o Hill GH1, Brise chegou em 6º lugar no GP da Suécia e Alan Jones foi o 5º no GP da Alemanha. O modelo GH2, segundo projeto da equipe e de Andrew Smallman, era um dos mais interessantes carros para o Mundial de 1976. Conservava o periscópio que seria abolido a partir do GP da Espanha, mas tinha as laterais mais baixas, o aerofólio traseiro e a seção dianteira com um novo desenho.

Um projeto promissor, que infelizmente foi abortado em razão de uma grande tragédia, que não só encerrou as atividades da equipe, como também representou uma perda imensa para a esposa Betty e toda a família, que demorou anos para se reerguer.

E como a vida imita a arte, Damon Hill, filho de Graham, tornou-se o primeiro representante da segunda geração de campeões a ser o número 1 da Fórmula 1, embora seja um dos vitoriosos mais contestados de toda a história da categoria.

TÚNEL DO TEMPO (V)

GP de Mônaco de 1985.



Teo Fabi com o Toleman-Hart TG185. O italiano abandonou a prova com problemas no turbo. 

O vencedor foi Alain Prost, da McLaren-TAG. Em segundo ficou o italiano Michele Alboreto da Ferrari e em terceiro o também italiano Elio de Angelis da Lótus.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mike Hawthorn: 50 anos depois


Para lembrar os 50 anos da morte de Mike Hawthorn, completados na última quinta-feira, dia 22, a cidade de Farnham, onde ele viveu durante muitos anos, realizou ontem uma cerimônia religiosa na Igreja de Saint Andrews. Estiveram presentes os ex-pilotos Stirling Moss e Damon Hill. Foi uma justa homenagem a quem até hoje é lembrado por ter sido o primeiro piloto inglês a conquistar um título na Fórmula-1, em 1958.

O envolvimento de John Michael Hawthorn com o automobilismo começou muito cedo. Seu pai, Leslie, um ex-motociclista do período pré-guerra, era dono de uma pequena oficina e proporcionava ao pequeno Mike um contato diário com carros e motos de todos os tipos. Não demorou para que, aos nove anos, o garoto tomasse a decisão de tornar-se piloto de corridas quando crescesse.

Seu pai, apesar de incentivar o sonho, ainda tentou prepará-lo para ajudar nos negócios da família, matriculando-o em uma escola técnica, mas os interesses de Mike estavam bem longe dos estudos. Em qualquer oportunidade que surgisse, lá estava ele, acompanhando as provas que eram disputadas no circuito de Brooklands.

O início nas pistas

Aos 21 anos, Hawthorn dá início à sua bem-sucedida carreira, correndo pela Fórmula-2, onde progride rapidamente, chamando a atenção de todos os que o acompanhavam nas pistas. A estréia na Fórmula-1 ocorre em 1952, no GP da Bélgica, ainda correndo de Fórmula-2 - o que era permitido pelo regulamento daquele ano - e terminando a corrida com um excelente quarto lugar. Na Inglaterra, já correndo pela Cooper, conquista o primeiro pódio e, graças à sua regularidade e mais um quarto lugar na Holanda, termina o campeonato na quinta colocação. Nada mau para um estreante.

Tais resultados foram suficientes para que Mike assinasse com a Ferrari para disputar a temporada seguinte. E é pela equipe italiana que conquista sua primeira vitória, no GP da França, em Reims, depois de uma dura disputa com Juan Manuel Fangio. Em 1954, a morte de seu pai em um acidente de trânsito o abala profundamente, a ponto de influenciar diretamente seu desempenho nas pistas, obtendo seu melhor resultado com a vitória no GP da Espanha. Apesar disso, termina o campeonato em terceiro lugar, com 24,64 pontos.

A consagração

Em 1955, Hawthorn deixa a Ferrari e transfere-se para Vanwall, mas sem obter grandes resultados. Nesse mesmo ano, a bordo de um Jaguar D Type, vence as famosas 24 Horas de Le Mans, onde ocorre a maior tragédia do automobilismo mundial, que resulta na morte do piloto francês Pierre Levegh e de 80 espectadores. Na Fórmula-1, Hawthorn disputa ainda algumas provas pela Ferrari, obtendo resultados razoáveis, provavelmente em função do abalo causado pelo acidente em Le Mans.

No ano seguinte, novamente deixa a Ferrari para cair nos braços da BRM, e mais uma vez os resultados não são os esperados. Hawthorn disputa ainda uma prova pela Vanwall, na França, onde obtém apenas o décimo lugar. Em 1957, volta a correr pela Ferrari, onde encerraria sua carreira. Nesse mesmo ano, conquista dois pódios, mas nenhuma vitória, encerrando a temporada com 13 pontos e o quarto lugar na classificação geral. No ano seguinte, vem a conquista maior: o título de campeão, com apenas um ponto de vantagem sobre Stirling Moss, uma vitória na França e um total de sete pódios.

O fim de um campeão

A essa altura, o mais novo campeão mundial tinha perdido boa parte de seu interesse pelas corridas. Tudo o que queria a partir dali era se aposentar das pistas, cuidar dos negócios em Farnham e viver tranqüilamente ao lado de sua noiva, a modelo Jean Howart. E foi justamente o que aconteceu. Logo após a conquista do título, Hawthorn, precursor do uso da viseira no capacete e famoso por correr sempre trajando uma jaqueta verde e de gravata borboleta, anunciou sua saída definitiva da Fórmula-1.

O jovem campeão teve pouco tempo para curtir o título. Hawthorn morreria três meses depois em um acidente de estrada até hoje mal explicado, em Guildford, a caminho de Londres, ao perder o controle de sua Jaguar e bater de lado em uma árvore.

Até hoje, muitos atribuem como causa um suposto racha entre Hawthorn e Rob Walker, o chefe da BRM, que passava pelo local no momento do acidente. Walker negou essa versão até sua morte, em 2002, alegando que o encontro entre os dois não passara de uma coincidência. De qualquer forma, Hawthorn não viveria muito tempo, pois, pouco antes da conquista do título, fora diagnosticado com uma doença incurável nos rins. Segundo os médicos, a doença lhe daria apenas um ano e meio de vida.

Seu funeral, seis dias após o acidente, foi acompanhado por milhares pessoas, apesar do desejo da mãe de Hawthorn para que a cerimônia fosse restrita a amigos e familiares.

Entre seus colegas da Fórmula-1, estiveram presentes no enterro seu amigo e rival Stirling Moss, além de Duncan Hamilton (com quem Hawthorn pretendia abrir um negócio quando se retirasse das pistas), Ivor Bueb, Rob Walker, Tony Rolt, Innes Ireland, Horace Gould e Graham Hill. E assim a Inglaterra se despediu de seu primeiro grande campeão.

Outras Informações:

Nascimento: 10 de abril de 1929
Local: Mexborough (Inglaterra)

Histórico na Fórmula-1:

Estréia: 1952 (GP da Bélgica / Leslie Hawthorn-Bristol)
Equipes: Leslie Hawthorn, Archie Bryde, Ferrari, Vanwall, BRM e Maserati
GPs Disputados: 45
Vitórias: 3
Pole Positions: 4
Largadas na 1ª Fila: 17
Melhores Voltas: 6
Voltas na Liderança: 225
Pódios: 18
Pontos: 112,64
Abandonos: 14
Melhor Resultado: Campeão (1958)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Coopersucar Fittipaldi - o sonho brasileiro na F1...

A equipe surgiu em 1975 e fez sua estréia no GP da Argentina. Wilson Fittipaldi Jr. era o piloto e naquele ano a equipe teve como melhor resultado o 10º lugar no GP do EUA em Watkins Glen em 05/10/1975. Foi a última corrida de Wilsinho na F1. Entre 1976 e 1980 a equipe teve como piloto principal o bi-campeão Emerson Fittipaldi, que teve como melhor colocação, o 2° lugar no GP do Brasil em Jacarepaguá em 29/01/1978. Em 1981 teve como piloto principal o finlândes Keke Rosberg (campeão em 1982 pela Williams) e em 1982 Chico Serra. Este seria o último ano da equipe na F1.





Túnel do Tempo (IV)

GP da Argentina de 1974 - Buenos Aires - Autódromo Oscar Galvez.

Henri Pescarolo e seu BRM P160E. O piloto francês chegou em nono, uma volta atrás do vencedor Denny Hulme (McLaren-Ford). O austríaco Niki Lauda (Ferrari) foi o 2º colocado e o suíço Clay Regazzoni, também da Ferrari, completou o pódio.




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO (III)

Nelson Piquet “passeia” com sua Williams-Honda FW11B pelo circuito de Hockenheim durante a disputa do GP da Alemanha de 1987.

Piquet venceu a prova seguido pelo sueco Stefan Johansson da McLaren. Ayrton Senna (Lótus) completou o pódio na 3ª posição.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO (II)

GP dos Estados Unidos de 1974, em Watkins Glen

Emerson Fittipaldi e seu McLaren-Ford M23 durante a disputa do GP dos EUA de 1974 no circuito de Watkins Glen. 


A prova foi vencida pelo argentino Carlos Reutemann da Brabham seguido por José Carlos Pace seu parceiro de equipe. James Hunt da Hesketh completou o pódio.

Com o 4º lugar da prova, Emerson sagrou-se bicampeão mundial de Fórmula 1.


Recordar é viver...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO (I)

GP da Itália de 1967, em Monza

Contornando a desafiadora parabólica os pilotos John Surtees (Honda RA300) e Bruce McLaren (McLaren M5A-BRM).

A vitória foi de John Surtees com Jack Brabham em segundo a apenas 0,20s de diferença. Jim Clark (Lotus) completou o pódio.



segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Decisão foi a mais fantástica da história

por Livio Oricchio

Desde que a Fórmula 1 começou a ser disputada, em 1950, ontem foi a 25ª vez que o título acabou definido na etapa final do campeonato. Não como ontem, mas em outras edições do Mundial também as emoções foram fortes. Em 1956, o inglês Peter Collins, da Ferrari, parou e cedeu seu carro para o argentino Juan Manuel Fangio, que tivera problemas no GP da Itália. Fangio assumiu a Ferrari, durante a corrida – era permitido – recebeu a bandeirada em terceiro e acabou campeão. O inglês Stirling Moss, da Maserati, ganhou a corrida mas foi vice.
Em 1958, o inglês Mike Hawthorn, da Ferrari, conquistou o título porque seu companheiro, o norte-americano Phil Hill, o deixou passar na última volta para ser segundo e de novo Moss, da Vanwall, ser segundo no Mundial. O escocês voador chorou no dia 25 de outubro de 1964, na cidade do México. Liderou a prova com sua Lotus até a última volta. De repente o motor Climax quebrou. Clark seria campeão do mundo pela segunda vez. Com o abandono, Lorenzo Bandini permitiu ao companheiro de Ferrari, John Surtis, ultrapassá-lo para ser segundo e campeão do mundo.

Ainda esta viva na mente de muitos fãs da Fórmula 1 o GP do Japão de 1976. James Hunt, da McLaren, precisava do terceiro lugar para tirar de Niki Lauda, Ferrari, o título. O inglês demorou para trocar os pneus de pista molhada para os de asfalto seco e caiu para o quinto lugar. Na última volta, Hunt ganhou as posições de Alan Jones, da Surtees, e de Clay Regazzoni, Ferrari, chegou na terceira colocação e celebrou a conquista.

No GP da Austrália de 1986, Nigel Mansell, da Williams, ocupava o terceiro lugar, em Adelaide. Era o suficiente para ser campeão pela primeira vez. Na etapa anterior, a Pirelli forneceu um pneu para a Benetton que dava autonomia ao piloto terminar a corrida sem substituição e Gerhard Berger, da equipe italiana, venceu. A etapa de Adelaide era a seguinte. A Goodyear então fez um pneu que, supostamente, permitiria o mesmo a seus pilotos.

Não deu certo: o pneu traseiro esquerdo de Mansell explodiu na reta. A Williams precisou chamar Nelson Piquet, líder, para os boxes, para não acontecer o mesmo e, assim, perdeu a chance de ser campeão. Alain Prost, da McLaren, que vinha atrás, foi primeiro e comemorou o bicampeonato.

Ano passado, no Brasil também, Lewis Hamilton, da McLaren, se fosse quinto, ficaria com o título. Acabou em sétimo e, com a vitória, Kimi Raikkonen, da Ferrari, sete pontos atrás antes da largada, fez a festa.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Piquet: 25 anos do bi-campeonato!

Quinze de outubro de 1983. Num sábado, no circuito sul-africano de Kyalami, Alain Prost, Nelson Piquet e René Arnoux decidiriam o título do Mundial de Pilotos de Fórmula 1. Um dos três teria o privilégio de ser o primeiro piloto a ganhar um campeonato com um carro movido a motor turbocomprimido e a disputa prometia muito. Prost fora o dominador absoluto de grande parte da temporada, mas Piquet e Arnoux conquistaram vitórias e deram muito trabalho - especialmente o brasileiro, com uma reação fulminante nas corridas anteriores em Monza e Brands Hatch.

Pelo menos, o clima que existia na época era extremamente amistoso e Piquet e Prost chegaram a jantar juntos - algo impensável nos dias de hoje. O bate-papo sem dúvida serviu para amenizar as escaramuças de bastidores que a imprensa plantava entre Renault e Brabham, com os franceses acusando os alemães da BMW de utilizar combustíveis de foguete desenvolvidos pela Wintershall para seus motores - o que nunca foi provado.

Para a última corrida do ano, o grid tinha duas baixas: com a situação financeira precária, Teddy Yip retirou a Theodore Racing da temporada e não viajou para a África do Sul, deixando a pé o colombiano Roberto Guerrero e o venezuelano Johnny Cecotto. A Spirit também se ausentou com Stefan Johansson, mas por um motivo nobre: o motor Honda faria sua estréia na Williams com o novíssimo FW09 para Keke Rosberg e Jacques Laffite. Um batismo de fogo e tanto para os dois carros. E pela primeira vez no ano, todos os 26 inscritos largariam, inclusive a RAM March de Kenny Acheson.

Treinos

A guerra psicológica da classificação foi a princípio vencida por Nelson Piquet, embora o brasileiro não tivesse conseguido a pole position. Patrick Tambay, carta fora do baralho desde o GP da Europa, marcou o melhor tempo, virando em 1′06″554 contra 1′06″792 do piloto da Brabham. Riccardo Patrese, com um carro perfeito e muito rápido, conseguiu se infiltrar entre os rivais diretos de Nelson, ficando na frente de René Arnoux e Alain Prost no grid.

Keke Rosberg foi brilhante com o novo Williams Honda e fez o 6º tempo, mostrando não só que era um piloto rápido como também que o conjunto, com desenvolvimento, poderia ser muito competitivo. Um bálsamo e tanto para quem, do meio da temporada em diante, só classificou do décimo lugar pra trás. E com dezessete carros equipados com motores turbo ocupando os 17 primeiros lugares, o melhor dos “convencionais” foi Michele Alboreto, em décimo-oitavo. Na sua última corrida pela Ligier, Raul Boesel classificou-se em 23º, na frente de Kenny Acheson e dos dois Osella Alfa Romeo que fecharam a raia.

Corrida

Horas antes da corrida, num sábado, aconteceu o treino de aquecimento onde as equipes fizeram os últimos ajustes para a largada. Foi aí que a Brabham, numa cartada de mestre, definiu a estratégia suicida que mudaria a história da corrida. Ao contrário do que Renault e Ferrari imaginavam, Nelson Piquet é quem daria o bote, largando bem leve e disparando na ponta, enquanto Riccardo Patrese, a quem imaginavam que seria o “coelho” do brasileiro, faria o papel de fiel escudeiro. Um Sancho Pança a 300 km/h.

Disparado o sinal verde, autorizando a largada, Piquet arrancou feito uma flecha, para espanto de franceses e italianos. Patrese cumpriu à risca a tática e passou para segundo, deixando Tambay para trás. Andrea de Cesaris, totalmente alheio ao que acontecia na dianteira, largou muito bem e foi de nono para quarto. Alain Prost passou a primeira volta em quinto e René Arnoux, em sétimo.

Enquanto Tambay perdia posições para de Cesaris e Prost, outro piloto começava a dar show em Kyalami: Niki Lauda, décimo-segundo no grid, passou Cheever, de Angelis, Rosberg e Arnoux para chegar aos seis primeiros colocados. Na nona volta, o austríaco da McLaren também passou Tambay e veio para a quinta posição.

Correndo em oitavo, Arnoux foi o primeiro a cair na armadilha da Brabham. Enquanto Piquet corria solitário na ponta, o francês encostava nos boxes e abandonava a disputa. Agora, restavam o brasileiro e Alain Prost para discutir o título. E com o resultado da pista até aquele momento, Piquet era campeão.

Lauda, possuído como nos velhos tempos, seguia dando espetáculo. Na 12ª volta, ele passou a Alfa de Andrea de Cesaris e foi pra quarto, impondo uma enorme pressão a Alain Prost. Pouco depois, o francês perdia mais uma posição na corrida, deixando Piquet em situação ainda mais confortável na luta pelo título.

A situação permaneceu assim, com Piquet disparado em primeiro, Patrese de escudeiro e Lauda de coadjuvante de luxo, ocupando as três primeiras posições, até a 34ª volta, quando Lauda foi aos boxes para reabastecer e trocar pneus, voltando para a pista em sétimo. Logo depois, foi a vez do pit stop de Prost, e enquanto os mecânicos da Renault tratavam de efetuar o abastecimento, o francês já batera no cinto e abandonava a disputa: o motor não agüentou o esforço e quebrou.

Com o plano cumprido perfeitamente, a dobradinha da Brabham perdurou inclusive quando Piquet e Patrese foram aos boxes, sem sustos, para cumprir seus pit stops. Lauda continuava impossível e vinha em terceiro, na sua melhor exibição em 1983, trazendo de Cesaris, Tambay e Derek Warwick nas posições seguintes.

Na 56ª volta, o turbo da Ferrari de Patrick Tambay se entregou, ao mesmo tempo em que a Toleman de Bruno Giacomelli, em posição perigosa na pista, pegava fogo e os comissários, sem muita intimidade com os extintores de incêndio, despejaram uma nuvem de pó químico que chegou a atrapalhar a visão dos pilotos. Pouco depois, como prêmio pela tática perfeita de corrida, Nelson Piquet tirou o pé do acelerador e permitiu a ultrapassagem de Riccardo Patrese, o novo líder.

O brasileiro, só pra humilhar Prost e companhia limitada, reduziu a pressão do turbo nas últimas voltas e deixou também que seu velho amigo Niki Lauda o superasse para chegar ao 2º lugar. Só que, a cinco voltas do fim, o motor TAG Porsche Turbo deixou Lauda a pé - após um desempenho impressionante que era um “cartão de visitas” do que aconteceria na Fórmula 1 pelos anos seguintes.

De volta ao segundo lugar, Piquet poderia optar pela dobradinha, mas permitiu também a ultrapassagem de Andrea de Cesaris. Afinal de contas, os quatro pontos da 3ª colocação já bastavam para derrotar Alain Prost por dois pontos. E no fim da manhã daquele sábado, 15 de outubro, os fãs brasileiros de automobilismo entravam em delírio quando Piquet apontou na reta, depois da passagem do vencedor Patrese e de Andrea de Cesaris, para conquistar enfim o bicampeonato mundial e entrar para a história como o primeiro campeão mundial a bordo de um carro com motor turbo.

Assista ao vídeo da corrida:

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Nunca correu (1) - Ferrari 312B3 "Spazza Neve"...

Trata-se de um dos projetos de um mito das pistas que nunca deu certo: Ferrari 312 B3 Spazza Neve.

Este carro foi idealizado pelo então engenheiro chefe da Casa de Maranello, Mauro Forghieri. Naquela época, a Ferrari perdia terreno para os “garagistas” ingleses Lotus, Tyrrell e McLaren, todos com os motores Ford Cosworth V-8 de 450 cavalos. O Comendador Enzo achava inconcebível que suas máquinas, dotadas de poderosos motores de 12 cilindros flat, perdessem para um grupo de construtores ’sem alma’.

Forghieri então foi à luta. Conseguiu que pela primeira vez a equipe italiana abandonasse o sistema de construção de chassis em treliça e encomendou à firma inglesa Thompson o desenho de um monocoque em alumínio. Com base no projeto da 312 B3 que estrearia naquele ano de 73, ele fez profundas e espantosas alterações de aerodinâmica, pouco convencionais para a época.

Notem pela foto que o desenho do spoiler dianteiro se assemelhava, de fato, às pás próprias para a retirada de neve, fixadas em tratores ou até caminhões. As cavidades frontais são as entradas de ar para os radiadores.

Além disso, este modelo tinha um perfil muito mais largo que os monopostos de F-1 na época, num conceito que lembra bastante o carro-asa introduzido por Colin Chapman em 1977.

E o posicionamento do espelho retrovisor? Notaram alguma semelhança com outra Rossa?

O carro foi para a pista de Fiorano a fim de ser testado por Jacky Ickx e Arturo Merzario, que defenderiam a escuderia naquele ano de 1973. Ambos foram unânimes: o Spazza Neve era de fato um carro muito ruim e difícil de ser acertado. Reza a lenda que é o pior carro que a Ferrari já teve em toda a sua história - mais até que a F92A, de 1992.

O Spazza Neve, coerentemente, é peça de museu. Mas vendo assim, até que as idéias de Forghieri não eram ruins. Só foram mal-aplicadas e ainda numa época em que a Ferrari dividia suas atenções entre a F-1 e o Mundial de Marcas, onde acabaram derrotados pelo Matra MS670. O resto é história.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Não deu certo: March 2-4-0 Six Wheeler...

O 2-4-0 foi um projeto da equipe March para lançar um carro com seis rodas na F1. Na época, a categoria já tinha um carro assim, era o Tyrrell P34, mas esses projetos eram bem diferentes: enquanto o Tyrrell tinha duas pequenas rodas dianteiras e uma grande traseira, o March 2-4-0 tinha 6 rodas do mesmo tamanho e 2 eixos traseiros, tudo isso para privilegiar a tração sem perder eficiência aerodinâmica.

Este carro começou a ser desenvolvido em 76 pelo projetista Robin Herd e foi apoiado por Max Mosley, parceiro de Herd no projeto, que notava como a Tyrrell tinha ganhado em publicidade desde a criação do P34, e esperava-se o mesmo para a March.

Inicialmente, o carro era para ter as quatro rodas traseiras motrizes, mas um grande problema surgiu: era a concepção do cambio, algo extremamente complicado e que demandaria altos custos, coisa que a March não esbanjava muito.

No final de 76, a March apresenta o 2-4-0 à imprensa, trata-se do chassi 761 com profundas alterações. Ainda no final do ano, faz seu primeiro teste, o carro seria pilotado por Howden Ganley que foi ao circuito de Silverstone repleto de jornalistas que queriam ver a vedete do momento. O 2-4-0 começa mal, anda meia volta antes que o cambio quebre. Para não perder o teste e fazer feio diante da imprensa, os mecânicos prontamente fizeram uma adaptação e o March voltou a pista somente com um eixo motriz. Os jornalistas presentes nem perceberam a mudança, já que o dia era de chuva e o carro sequer tinha dado uma volta com tração nas quatro rodas traseiras.

Ganley voltou a fazer mais alguns testes enquanto uma nova caixa de cambio era feita pela March, mas sem expressivas melhoras. O carro chegou a ir a Interlagos no final de Janeiro, mas sequer entrou na pista. Nas duas primeiras provas do ano, a March usou os chassis de 76 evoluídos.

Em Fevereiro, o carro voltou a Silverstone com tração nas quatro rodas traseiras, desta vez a equipe também contava com Ian Scheckter. Scheckter e Ganley elogiaram muito o carro e disseram que ele tinha muita aderência e parecia andar sobre trilhos tamanha a tração.

Sem dinheiro e sem tempo o projeto 2-4-0 foi sumariamente cancelado, pois a March já havia gastado uma fortuna em um carro sem nenhuma confiabilidade, apesar de ser muito rápido. Depois do fato, a March voltou a ter seu carro normal com quatro rodas.

Engana-se quem pensa que o carro parou nestes testes, em 79, o piloto inglês Roy Lane, exímio "montanhista", pegou a transmissão do 2-4-0 e a adaptou num March 771 e o usou em provas de subida de montanhas na Inglaterra. O carro pilotodo por Lane tinha tração nas seis rodas e levava incrível vantagem sobre seus concorrentes, mas sucessivas quebras de cambio, fizeram Lane abandonar o projeto depois de muitas vitórias.

Este March foi a inspiração para a Williams fazer um super carro de seis rodas, que simplesmente aniquilou os recordes de Paul Ricard, mas isso fica para semana que vem.









quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Museu de Donington Park guarda a história da F-1

Ayrton Senna e Fangio são homenageados na entrada da 'Donington Grand Prix Exibition' A história do automobilismo em seu estado mais puro. Idealizada por Tom Wheatcroft, dono do circuito de Donington Park, a “Donington Grand Prix Exhibition” é a sede da maior coleção de modelos automobilísticos no mundo. Com cinco salões e mais de 130 carros, a visita ao museu é uma experiência única para os fãs de corridas.

Ayrton Senna, que tem uma estátua na entrada da exposição, é um dos destaques do museu. Além das McLarens dos três títulos, o museu tem a Toleman usada por ele em 1984, seu primeiro ano na Fórmula 1, e o modelo da melhor primeira volta da história, também no circuito de Donington Park, em 1993.

A McLaren, aliás, tem um salão dedicado a ela, com a maior coleção de carros da marca no mundo. Além dos modelos usados por Ayrton Senna, carros de Alain Prost, Niki Lauda e Mika Hakkinen enchem o local de história. Mais de 20 carros da equipe inglesa estão no “McLaren Hall”, aberto por John Watson, ex-piloto de Fórmula 1, com seis temporadas no time fundado pelo neozelandês Bruce McLaren.

Além das McLarens, a Vanwall, equipe britânica que correu entre 1954 e 1960, tem todos os seus carros de Fórmula 1 no museu de Donington, Outro modelo clássico é a Alfa Romeo Bimotore de 1936, que tinha dois motores de 500 cavalos cada e velocidade máxima de 322 km/h. A Lotus 25 de Jim Clark, campeã em 1963, e a de Stirling Moss, com a qual ele derrotou a Ferrari no GP de Mônaco de 1961, são outros carros importantíssimos na exposição .

Nelson Piquet não tem carros expostos

Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, é uma ausência sentida na exposição em Donington Park. Apesar dos vários modelos da Williams presentes no museu, a maioria deles é de Nigel Mansell, ídolo britânico, todos com o famoso “Red Five” (cinco vermelho).

Apesar de não existir uma versão oficial para a ausência dos carros de Nelson Piquet, boatos dão conta de que Tom Wheatcroft teria tentado comprar a Brabham do primeiro título do brasileiro. No entanto, ele recusou-se a vender o modelo, que tinha ganhado da equipe, chefiada por Bernie Ecclestone, como prêmio pela conquista.



O homem por trás da coleção

Atualmente com 86 anos, Tom Wheatcroft assistiu suas primeiras corridas em Donington Park em 1937 e 1938, vencidos pelas lendas Bernd Rosemeyer e Tazio Nuvolari, ambos em Auto Unions. Após construir uma fortuna com uma empreiteira na Inglaterra, ele montou uma equipe de Fórmula 2 e se arriscou em algumas corridas na F-1, com um Brabham BT26.

Em 1971, Wheatcroft comprou o circuito de Donington Park, local que seria a casa de sua coleção de carros. No ano seguinte, ele montou outra equipe para ajudar seu amigo e estrela em ascensão Roger Williamson na Fórmula 3 e na F-2 Européia. Alguns anos depois, o jovem piloto morreria no GP da Holanda, após se acidentar na oitava volta.Então, ele optou por se dedicar à sua maior paixão: o circuito de Donington Park. Wheatcroft reformou todo o autódromo e colocou a pista dentro de todos os padrões de segurança. Em 1977, ela voltou a receber corridas, com a mais importante em 1993: o GP da Europa de F-1. Quatro anos antes, em março de 1973, ele abriu a "Donington Grand Prix Exhibition"

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Morre o ex-campeão de F-1, Phil Hill


Primeiro americano campeão mundial de Fórmula 1, Phil Hill morreu nesta quinta-feira, na Califórnia, vítima de complicações do mal de Parkinson. Hill tinha 81 anos e se sagrou campeão pilotando uma Ferrari em 1961. Presidente da escuderia italiana, Luca di Montezemolo enviou nota à imprensa lamentando o falecimento.

- Eu, bem como todos os empregados da Ferrari, estamos extremamente tristes com a notícia da morte de Phil Hill, um homem e um campeão que deu muito à Ferrari e que sempre representou muito bem os valores da empresa dentro e fora das pistas.

Montezemolo fez questão de lembrar as conquistas do piloto americano, que depois teria seu feito igualado por Michael Andretti.

- O Phil correu e venceu muitas provas tanto de protótipo, como as 24h de Le Mans e as 12h de Sebring, como nos monopostos da Fórmula 1. O Phil e eu sempre mantivemos contato através dos anos e eu sei que perderei sua paixão e amor pelas Ferrari. Minhas condolências a sua esposa Alma e ao seu filho Derek neste momento triste.

Embora longe das pistas, Phil Hill nunca perdeu o contato com a Ferrari. Segundo Montezemolo, a equipe sempre teve um grande carinho pelo piloto, que era sempre convidado para os GPs de San Marino e da Itália todos os anos. Tanto a Ferrari, quanto a Fórmula 1, prometem uma homenagem a Hill no dia 7 de setembro, quando acontecerá o GP da Bélgica.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ronnie Peterson - o sueco "voador"...

Ronnie fez sua estréia em Grandes Prêmios guiando para a March, no GP de Mônaco de 1970. Antes, após os tempos de kart, ele participou da Fórmula 3 competindo pela equipe Svebe. Em 1971 venceu o campeonato europeu de Fórmula 2 guiando pela March, e ainda obteve 5 segundos lugares na Fórmula 1, que lhe valeram o vice-campeonato da categoria. Peterson permaneceu na March até 1973, quando assinou contrato com a John Player Team Lotus para competir ao lado de Emerson Fittipaldi.

Sua primeira vitória em grandes prêmios foi no Grande Prêmio da França de 1973. Naquele ano venceu mais três vezes. Em 1974 obteve mais três vitórias, nos GPs da França, Itália e Mônaco. Depois de um ano ruim em 1975, em que o Lotus 76 provou ser um erro, voltou a guiar pela March, equipe pela qual venceu o GP da Itália de 1976.

Em 1977 Peterson correu pela equipe Tyrrell, com o lendário carro de seis rodas, mas a antes vitoriosa esquadra dos carros azuis já havia iniciado sua longa e irreversível decadência. O ano foi particularmente ruim para Peterson e, para surpresa de muitos, o sueco voltou a assinar contrato com a Lotus para a temporada de 1978.

Pela equipe de Colin Chapman, que havia aperfeiçoado o revolucionário conceito aerodinâmico do carro asa, Peterson venceu os GPs da África do Sul e Áustria. Mesmo assim, por condição contratual imposta pela equipe, não lhe foi permitido duelar diretamente com o companheiro de equipe Mario Andretti, primeiro piloto do time. Apesar de os resultados já lhe assegurarem o vice-campeonato, tal situação na Lotus levou Peterson a negociar uma possível ida para a McLaren na temporada de 1979.

A Lotus chegou ao GP da Itália com a possibilidade de tornar Andretti campeão antecipado. Nos treinos, Peterson teve seu carro titular danificado, e precisou recorrer ao carro reserva, que era um modelo mais antigo da Lotus.

Foi exatamente nesta corrida que estreou na F-1 o semáforo, em substituição ao antigo método de largada em que se baixava uma bandeira com as cores do país-sede do GP. No entanto, o diretor da prova, Gianni Restelli, atrapalhou-se com a novidade: antes que os carros das últimas filas do grid houvessem parado, foi acionada a luz verde. Os pilotos que vinham de trás, portanto, arrancaram em maior velocidade, o que fez com que todos os carros chegassem juntos ao ponto em que a reta se estreitava antes da Chicane Goodyear. Alguns carros se tocaram, e o Lotus de Peterson foi jogado para fora da pista, de encontro ao guard-rail. O choque danificou seriamente a parte dianteira do Lotus e rompeu os tanques de combustível, causando um grande incêndio. Peterson foi tirado do carro com graves ferimentos nas pernas, por bombeiros e outros pilotos, e foi internado. Os primeiros procedimentos médicos no atendimento incluíram a amputação do pé esquerdo do piloto. No dia seguinte, Ronnie Peterson faleceu, vítima de embolia causada pelas fraturas. Nas entrevistas dos pilotos após a prova, o inglês James Hunt declarou que, pelo som que emitia no momento da largada, o antigo Lotus reserva que Peterson estava usando parecia ter problemas e não acelerar devidamente, o que teria contribuído para o desastre. No mesmo acidente foi seriamente ferido o piloto italiano Vittorio Brambilla, atingido na cabeça por uma roda solta de um dos carros envolvidos, e alguns meses depois outro piloto italiano, Riccardo Patrese, foi colocado em sursis pela Federação Internacional de Automobilismo, sob a acusação de ter sido elemento culposo do acidente. Por conta da confusão ocorrida com o uso do semáforo no GP da Itália, determinou-se que a largada só poderia ser dada depois que um fiscal atravessasse o grid com uma bandeira na mão, sinalizando que todos os carros haviam parado.
Estatísticas de Ronnie na F-1:

Nº de GPs: 123
Vitórias: 10
Pódiuns: 26
Voltas + rápidas: 9
Poles: 14
Total de pontos: 206

Primeira corrida: GP de Monte Carlo - Mônaco - 10/05/1970
Última corrida: GP da Itália - Monza - 10/09/1978

Primeira vitória: GP da França - Paul Ricard - 01/07/1973
Última vitória: GP da Áustria - Osterreichring - 13/08/1978

Primeira pole: GP do Brasil - Interlagos - 11/02/1973
Última pole: GP da Áustria - Osterreichring - 13/08/1978