sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Jochen Rint: o único campeao "post-mortem"

No dia 5 de setembro completou 40 anos que Jochen Rindt morreu. E não há como deixar de pagar tributo àquele que é até hoje o único campeão “post-mortem” da história da Fórmula 1 e um dos raros em qualquer competição automobilística. Que eu saiba, outro que também foi campeão após falecer num acidente foi Paul Warwick, na Fórmula 3000 inglesa.
 
A trajetória de Rindt no automobilismo é digna de registro. A começar que, embora defendesse a Áustria, Rindt era alemão. Nasceu em Mainz, no dia 18 de setembro de 1942, quando a II Guerra Mundial já estava no auge. A primeira grande perda de Jochen foi ainda menino: seus pais morreram num bombardeio em Hamburgo e ele foi criado pelos avós em Graz, em território austríaco, livre da tirania nazista.

Em 1964, com apenas 22 anos de idade, estreou na Fórmula 1 ao mesmo tempo que despontava como um corredor de ponta na Fórmula 2. Andou em sua primeira corrida com um Brabham BT11 de motor BRM V8, alinhado por Rob Walker, no antigo circuito de Zeltweg, abandonando em razão de problemas na direção.

No ano seguinte, assinou um contrato com a Cooper para disputar provas da categoria máxima com esta marca, enquanto na F-2 ainda mantinha a parceria com Jack Brabham a bordo dos notáveis Brabham-Honda da categoria de acesso. Com a Cooper, Rindt permaneceu por três temporadas. Na primeira, fez seus primeiros pontos na Fórmula 1 com um 4º lugar na Alemanha (Nürburgring) e um sexto na Cidade do México. Naquele mesmo ano de 1965, Rindt venceu em dupla com Masten Gregory a bordo de uma Ferrari 250 LM as tradicionalíssimas 24 horas de Le Mans.

O segundo ano de contrato entre Rindt e a Cooper foi muito positivo, apesar do conjunto meio pesadão formado pelo chassis T81 do construtor britânico no qual foi acoplado o velho motor Maserati V12 dos anos 50, potente e beberrão. Apesar das dificuldades, o austríaco brilhou: fez 24 pontos (22 válidos) e três pódios, com dois segundos lugares na Bélgica e nos Estados Unidos, além de um 3º posto na Alemanha.

Em 67,  já com Bernie Ecclestone como empresário, Jochen não foi além de seis pontos e um 13º lugar no campeonato de Fórmula 1, numa temporada muito irregular. O relacionamento com a equipe já dava evidentes sinais de desgaste e Rindt, motivado pela parceria com Jack Brabham na Fórmula 2, assinou para a temporada seguinte também na F-1.

A decisão parecia perfeita porque, afinal de contas, a Brabham foi a equipe mais bem-sucedida no início da era dos motores de 3 litros de capacidade cúbica, com títulos do próprio Jack em 1966 e do neozelandês Denny Hulme, em 1967, que saíra para se juntar a Bruce McLaren em sua recém-criada escuderia. Mas os motores Repco V8 na nova versão revelaram-se um malogro, com constantes falhas mecânicas. Rindt fez apenas dois pódios, com dois terceiros lugares na África do Sul e na Alemanha e fechou o campeonato num distante 12º lugar.

O austríaco gostava de desafios e para 1969 ele aceitou um daqueles bem encarniçados: suceder Jim Clark como piloto da Lotus 49, o revolucionário projeto de Colin Chapman que integrava o chassi de sua criação ao motor Ford Cosworth V8 desenvolvido por Kevin Duckworth e Mike Costin. A temporada não começou bem: Jochen (foto ao lado) demoliu seu carro contra uma barreira de proteção quando o aerofólio traseiro de seu carro quebrou a mais de 220 km/h, provocando fratura de crânio no piloto, que não correu em Mônaco e voltou na prova seguinte em Zandvoort, na Holanda.
 
Na segunda metade do campeonato, Rindt e a Lotus melhoraram positivamente seu desempenho. Após um injusto 4º lugar na Inglaterra, quando brigou de igual pra igual com Jackie Stewart, foi segundo em Monza, a centésimos do escocês voador. Chegou ainda em 3º no Canadá e no GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen, veio a consagração. Depois de uma corrida impecável, o piloto austríaco, então com 27 anos, venceu pela primeira vez na Fórmula 1.

Em 1970, a Lotus estava pronta para retomar a hegemonia perdida com a morte de Clark e com o acidente de Graham Hill, sofrido um ano antes, onde o veterano bicampeão mundial quebrou as pernas numa batida. E Rindt, como piloto número 1 da equipe na Fórmula 1 e também na Fórmula 2, era a esperança de Colin Chapman para recolocar o Gold Leaf Team Lotus no caminho natural das vitórias.
 
A primeira do ano veio ainda com o velho modelo 49C, graças à falta de combustível no carro de Jack Brabham na última volta do GP de Mônaco. E quando o modelo 72C finalmente ficou pronto, a sinergia entre ele e Rindt foi perfeita: quatro vitórias de forma consecutiva (Holanda, França, Inglaterra e Alemanha), somadas com o triunfo de Mônaco, o deixaram com 45 pontos e líder isolado do campeonato. Nem a quebra acontecida no GP da Áustria, logo na 22ª volta, abalou a moral de Rindt diante dos seus compatriotas.

O GP da Itália, décimo do campeonato, seria decisivo para as pretensões de Rindt e ele estava preparado para uma dura batalha contra Jacky Ickx, Clay Regazzoni e Ignazio Giunti, a trinca da Ferrari que tanto lhe dera trabalho em Österreichring na corrida anterior. Mas o fim de semana não começou bem para a Lotus: seu novo companheiro de equipe naquela época, o brasileiro Emerson Fittpaldi, tentava participar de sua 4ª corrida na Fórmula 1 e na ânsia de mostrar serviço, distraiu-se numa freada, bateu na traseira da Ferrari de Giunti e decolou com seu carro em direção às árvores da curva Parabólica. Detalhe: com o carro que seria de Rindt naquele fim de semana.

Colin Chapman determinou a troca de carro e Emerson assim cedeu seu chassi ao companheiro de equipe, que estava inscrito para aquela prova com o número #22. O brasileiro tinha o número #26 e foi para a pista com o chassi que seria do austríaco para a prova de classificação, no dia 5 de setembro.

Mas a tragédia, presente na vida de Rindt desde a infância, se fez presente naquela tarde. O piloto freou forte para tomar a Parabólica saindo da reta oposta em direção à reta dos boxes e tribunas, quando alguma coisa quebrou na Lotus e o líder do campeonato bateu violentamente na barreira de proteção. Seu carro saiu rodando pela areia, com o piloto inerte, a suspensão dianteira demolida e as pernas de Rindt para fora do cockpit.

Ele foi levado às pressas para um hospital, mas os ferimentos extensos tornaram impossível qualquer tentativa de recuperação. Aos 28 anos, Jochen Rindt, líder absoluto do Mundial de Fórmula 1 de 1970, estava morto. A Lotus não disputou a corrida, vencida por Clay Regazzoni com a Ferrari e também não foi ao Canadá, onde a vitória foi de Jacky Ickx.

Subitamente sem seu principal piloto, Colin Chapman tomou uma arriscada decisão. Levou para o GP dos EUA em Watkins Glen o brasileiro Emerson Fittipaldi, guindado à condição de piloto número um e o sueco Reine Wisell, sem nenhuma experiência prévia na categoria, que brilhara na Fórmula 3 europeia, para assumir o volante do segundo carro. E para surpresa geral, Emerson não só venceu a corrida, como ofertou a Rindt o inédito título “post-mortem”, até hoje um feito jamais alcançado na história da Fórmula 1.

Rindt morreu sem conhecer a maior glória de sua carreira. Mas os fãs austríacos e o mundo do automobilismo não esquecem de sua passagem pelo esporte, com demonstrações de garra, muita velocidade e um controle fantástico dos carros que guiava. Por isso, deixou muita saudade.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nostalgia urbana (VI) - Opala DeLuxo 1973


Amigos,
tive o privilégio de registrar esse belíssimo Chevrolet Opala, ano de fabricação 1973, modelo "De Luxo", cujo proprietário é Rodrigo Cruz, vendedor de autopeças da empresa "Mundo das Peças", aqui em Congonhas. Por isso, rendo minha homenagem ao Opala, o carro que conquistou o Brasil, alcançando aproximadamente 1 milhão (998.444 para ser mais exato) de unidades fabricadas e comercializadas.

Um pouco da história:

A marca Chevrolet era ainda muito forte no Brasil. Antes de a indústria automobilística aqui se instalar, era a mais popular. Seus modelos tinham fama de resistentes, sendo os mais procurados e os que menos desvalorizavam com o uso. Com as dificuldades criadas para importações - depois do surgimento da indústria brasileira -, os antigos Chevrolet foram ficando na saudade. A Veraneio foi uma primeira reaproximação e o Uirapuru consolidava a excelente imagem do seu motor de seis cilindros. Quando em 1968 a Chevrolet lançou seu primeiro nacional de passeio (derivado de um Opel - GM alemã -,o Rekord), batizou-o de Opala (Op de Opel e pala de Impala, um dos mais populares carros da marca no Brasil no início dos anos 1960).

Seu projeto (chamado de projeto 676) demorou cerca de dois anos, sendo finalmente apresentado na abertura do VI Salão do Automóvel de São Paulo, num sábado, dia 23 de Novembro de 1968, já como linha 1969. E ao longo de seus 23 anos e cinco meses de produção contínua, passou por diversos aprimoramentos mecânicos e modificações estéticas, sendo fabricado na cidade paulista de São Caetano do Sul, localizada na Região Metropolitana de São Paulo, até ao dia 16 de Abril de 1992, uma quinta-feira.

Durante o período em que esteve em produção, foram oferecidas paralelamente duas opções de motores ao Opala: 4 ou 6 cilindros, tanto para as versões básicas, quanto luxuosas ou esportivas. Todos os motores usados no Opala foram derivados de motores da Chevrolet Norte-Americana.

Essa mistura, onde combinava-se um motor americano a uma carroceria alemã, curiosamente resultou na peculiaridade de conviverem no mesmo projeto componentes com especificações técnicas baseadas no sistema de medidas Inglês, nos componentes do motor e transmissão, e no sistema métrico usado na Alemanha e no Brasil nas demais partes do veículo.

Dentre as qualidades do Opala, é notável o acerto dos freios, direção, velocidade e suspensão bastante equilibradas, aliado a isto, o conforto de um carro potente e com bastante torque, o que resulta em saídas rápidas e muita força em subidas de serra e ultrapassagens mais que seguras na estrada. Apesar do tamanho, é um veículo fácil de conduzir na cidade. Porém na época do seu lançamento, o carro foi criticado por seu acabamento inferior em relação ao seus "irmãos" americanos.

Graças a suas características positivas, o Opala foi eleito pela Revista Autoesporte o Carro do Ano de 1972.


Ficha Técnica (modelo “DeLuxo” 1973):

Origem  e Fabricação: General Motors - EUA/Opel - Alemanha, General Motors - Brasil
Chassi e Carroceria: monobloco
Disposição: motor dianteiro e tração traseira
Peso: 1.100kg
Entre eixos: 2.667mm
Motor: 4 cilindros OHV, 8 válvulas, 2.474cm3 e 79 hp (SAE) a 4.400 rpm
Combustível: Gasolina
Taxa de Compressão: 7,0:1
Torque máximo líquida: 16,1 kgfm a 2400 rpm (torque Líquido)
Câmbio: manual de 3 marchas
Velocidade máxima: 153,1 km/h
Aceleração 0–100 km/h: 15,5 sec

Recordar é viver...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Nostalgia urbana (V) - VW/Karmann Ghia - 1967


A foto ai foi enviada pelo amigo Rodrigo Costa, expert em sonorização e sensível às maravilhas sobre rodas. 

É um raro exemplar do VW/Karmann Ghia, ano 1967, já com motorização de 1.500cm3. Um carro em que pode-se afirmar, sem medo, que ele foi um dos mais bonitos carros daquele e de todos os tempos. O modelo cativou um público muito especial, pois era um automóvel com boa dirigibilidade, fácil uso e de simples manutenção Volkswagen.

Um pouco da história:

A Karmann instalou-se no Brasil no início dos anos 1960, algum tempo após a VW, com o propósito de produzir um elegante cupê desenhado por Ghia, um grande designer automobilístico. Sobre a plataforma VW e utilizando exatamente a mesma mecânica que o Sedan, começava a ser fabricado no país o VW Karmann Ghia em 1962.

Sua carroceria, acabada a mão, tinha um desenho especial.

Sem dúvida, o Karmann Ghia criou uma categoria única e diferenciada, sem concorrentes. Ele era um esportivo que se dava ao luxo de dispensar performance.

A associação à imagem do Volkswagen como algo menos formal que a de um carro familiar popular sempre esteve presente. Já nas primeiras imagens divulgadas do automóvel aparecia um modelo conversível. Utilizar carrocerias Karmann fazia parte da cultura da montadora.

O modelo fabricado no Brasil era um elegante esportivo montado sobre o chassi-plataforma VW. Performance não era seu forte.

Era um esportivo por levar mais em conta a beleza e a sedução do que propriamente sua função de meio de transporte.

Tecnicamente, nada acrescia ao sedã, no entanto, conferia charme e estilo ao seu proprietário.

 

Ficha Técnica:

Origem  e Fabricação: VolksWagen - Alemanha, VolksWagen - Brasil
Chassi e Carroceria: tipo plataforma, separados
Disposição: motor e tração traseiros
Peso: 860kg a seco
Entre eixos: 2.400mm
Motor: 4 cilindros boxer OHV arrefecido a ar, 1.493cm3 e 55hp (SAE) a 4.600rpm ou 48cv (DIN) a 4.200rpm
Câmbio: manual de 4 marchas

Recordar é viver...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Parabéns Nelson Piquet

Neste 17 de agosto, Nelson Piquet completa mais um ano de vida. É o 58º aniversário do primeiro piloto brasileiro tricampeão mundial de Fórmula 1, nem sempre com seus méritos reconhecidos. Uma pena: poucos podem dizer que viram in loco um dos maiores talentos do automobilismo, na finesse da pilotagem, na excelência do acerto de um carro, na arte da malandragem e sobretudo uma figura ímpar, beirando às vezes o mau humor, a grosseria, mas com tiradas simplesmente sensacionais.


Melhor do que lembrar das vitórias e das conquistas deste inesquecível campeão, só mesmo os aforismos imortais que cunhou ao longo da carreira.


“O comendador Enzo (Ferrari) é um velho gagá”
Em lendária entrevista para a Playboy


“(Eliseo) Salazar não é piloto, nunca foi. Ele é motorista!”
Após brigar com o piloto da ATS no GP da Alemanha de 1982


“Vai dar pra ganhar hoje, Nelson?”
“Eu não sou mago, sou piloto.”
Diálogo do piloto com um repórter, ao vivo, nos anos 80


“Como está o carro?”
“Uma merda.”
“E o estado de espírito?”
“Igual ao carro. Outra merda.”
Diálogo entre Marcus Zamponi e Nelson Piquet, revista Auto Esporte, GP do Brasil, 1988


“Quase gozei no final”
“Você não tem pena do Mansell?”
“Porra nenhuma! Vence quem chega primeiro!”
Após a vitória no GP do Canadá de 1991, a última da carreira


“O Mansell é um idiota veloz. O Prost é um babaca. O (Patrick) Tambay é cheio de frescura. O (René) Arnoux é um idiota de QI 12. Como posso ser amigo desses caras todos?
Nos anos 80


“Para quem você dedica o seu título?”
“Para Nelson Piquet.”
Em entrevista histórica à revista Grid, em 1987, após o tricampeonato


“Aquela porrada me afetou psicologicamente.”
Sobre o acidente sofrido na curva Tamburello nos treinos do GP de San Marino, 1987


“Eu agora trabalho pra mim. Não deixo mais passar nenhuma informação.”
Em entrevista a Reginaldo Leme no “Fantástico” após a vitória no GP da Alemanha de 1986


“Alan Jones é um idiota. Na primeira oportunidade, jogo ele pra fora da pista.”
Após o acidente provocado pelo australiano no GP da Bélgica, em 1981


“Ligier, Williams e Brabham são os chassis mais seguros. Renault, Ferrari e Alfa Romeo são cadeiras elétricas.”
Em entrevista a Reginaldo Leme num “Globo Esporte”, em 1980


“Eu jogo tênis, ele joga golfe. Eu gosto de mulher bonita, ele gosta de mulher feia. Eu ganhei três títulos, ele perdeu três.”
Tirando um sarro da cara de Nigel Mansell


“Freei uns 30, 40 metros além do que precisava. Derrapei nas quatro rodas. Mandei um gesto bacana. Mandei ele tomar no c*”
Sobre a ultrapassagem do século sobre Ayrton Senna no GP da Hungria, em 1986


“Andar atrás pra quem andou na frente é um inferno. É um risco o tempo todo. Sabe o que é largar ao lado do Andrea de Cesaris? Afora os caras que não conseguem enxergar pra frente? Você perde logo a vontade de correr.”
Sobre a aparente ‘falta de motivação’ em 1989


“Quem é Hunt?”
Respondendo com ironia às críticas do campeão de 1976, então comentarista da BBC, que o chamou de acabado no GP da Inglaterra de 1989. Detalhe: Piquet chegou em quarto


“Nossa amizade vale mais que os três pontos que você ia marcar.”
Em resposta a Andrea de Cesaris, insatisfeito com o acidente que os dois sofreram no GP de Mônaco de 1989


“Acho que ele (Flavio Briatore) não me conhecia. Fechamos um contrato por US$ 100 mil por ponto marcado no campeonato, mais um bônus por vitórias. No fundo, ele achava que ia me pagar pouco. Ganhei US$ 8 milhões, venci duas corridas e só cheguei atrás do Senna e do Prost.”
Em entrevista no fim de 1990, quando foi 3º colocado no campeonato.


“Muito prazer, meu nome é Nelson Piquet.”
Na coletiva de imprensa do GP do Japão de 1990, brincando com os jornalistas depois de sua primeira vitória na F-1 desde o GP da Itália em 1987

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Nostalgia urbana (IV) - VW Fusca - 1970


Vejam esta raridade que encontrei na cidade vizinha de Conselheiro Lafaiete: um VW Fusca, motor 1.300 cm3, com 36CV de potência, ano/modelo 1970. Notem o pára-choque de duas lâminas. Ainda em 1970 foi lançando com o pára-choque de lâmina única.

O modelo ai da foto era carinhosamente conhecido como "fusquinha". O VW Fusca 1.500 cm3, lançado no início de 1970 foi logo apelidado de "Fuscão" e era o sonho da juventude daquela época.

Um pouco de história:

A Volkswagen do Brasil, em 1959, lançou o VW Sedan 1200, que imediatamente passou a ser conhecido como Volks. Muitos automóveis já haviam feito sucesso no Brasil antes do Volks e outros, depois viriam a fazer. No entanto, nenhum antecipou ou repetiu o experimentado pelo VW Sedan, um fenômeno mundialmente só comparável ao do Ford Modelo T. Em 1961, o Volks evoluiu: o pequeno vigia traseiro cresceu, as duas "bananinhas" que despregavam ao ser acionadas para informar a mudança de direção e câmbio de quatro velocidades, com a primeira "seca", foram substituídos por um vigia de dimensões bem maiores, luz de seta de direção e câmbio com primeira marcha sincronizada.

Em 1967, o 1200 foi substituído pelo Sedan 1300 mais potente (8 cv DIN a mais). Em 1970, algumas mudanças no desenho - dentre elas a dos pára-choques (agora com lâmina simples) - marcariam uma nova fase para o Sedan, agora apelidado de Fusca. Uma versão mais potente - o Sedan 1500 (Fuscão) - ampliava a linha. O Fuscão, com tomadas de ar sobre o cofre do motor, possuía aspecto mais jovial, simbolizando um passo à frente. Sua produção era significativa - ocupava a posição de segundo carro nacional mais vendido - e só perdia (por pouco) para o Fusca. Em 1975, a crise do petróleo afetou significamente suas vendas e, na prática, o 1500 foi sendo substituído pelo 1300L (Luxo, com o mesmo acabamento do Fuscão e motor mais econômico).

Por longa data o Fusca seguiu como o mais vendido nacional. No entanto, pouco a pouco foi perdendo a força. No início dos anos 1980, quando o álcool se transformou no principal combustível a versão 1600cm3 foi adotada como única opção. O motor a álcool 1600 com carburação dupla conferiam ao Fusca uma performance inimaginável anos atrás. Porém, suas limitações eram por demais evidentes. Mesmo com valor inferior, não conseguia um número de vendas que justificasse sua permanência. Como continuava adorado, foi lançada uma última série para comemorar sua passagem pelo mercado nacional e em 1987 teve a produção interrompida. Relançado em 1993 a pedido do então Presidente Itamar Franco, saiu de linha em definitivo em 1997.

Foram produzidos no Brasil aproximadamente 3.300.000 unidades. Verdadeiramente mais um veículo que ajudou a desenvolver este país.

FICHA TÉCNICA:

Origem e Fabricação: VolksWagem - Alemanha, VolksWagem - Brasil
Chassi e Carroceria: tipo plataforma - sepadarados
Disposição: motor e tração traseira
Motor: 4 cilindros boxer OHV, 1.292cm3, arrefecido a ar e 36hp (SAE) a 3.700rpm
Câmbio: manual de 4 marchas


Recordar é viver...

Túnel do tempo...

O túnel do tempo de hoje recorda um grande momento da F1 nos anos 80:



Jacques Laffite, Ligier-Renault JS25, no Grande Prêmio da França de 1985, em Paul Ricard. O francês abandonou na 2ª volta com problemas no turbo. Nelson Piquet, da Brabham, venceu a prova, seguido por Keke Rosberg, da Williams. Alain Prost, da McLaren, completou o pódio. Foi a única vitória de um brasileiro no circuito de Paul Ricard.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Nostalgia urbana (III) - Ford F100 - 1969


Raridade: achei essa linda pickup Ford F100, ano/modelo 1969 estacionada em frente ao CET (antiga escola industrial de Congonhas) e não resisti. Registrei de imediato esse que foi o primeiro veículo da Ford fabricado no Brasil em 1960. Não posso precisar a originalidade da cor mas é certo que esse modelo contemplava a pintura "saia e blusa". Agora, as rodas e pneus também não são originais. Mas ficou linda assim.

Um pouco da história:

A primeira marca automobilística a instalar-se oficialmente no Brasil foi a Ford, em 1919, com o propósito de montar o Ford Modelo T, recebido em CKD (completamente desmontado). A Ford só viria a fabricar automóveis de passeio nacionais em 1967. Antes disso (desde os meados dos anos 1950) produzia a linha de veículos pesados Ford, cujo utilitário leve era o F-100, dotado do mesmo motor V8 que viria a equipar o Galaxie. Muito eficiente, a caminhonete Ford teve uma versão luxo que servia para o trabalho e também para o lazer.

Em 1968, a F-100 foi agraciada com a suspensão dianteira independente "Twin-I-Beam", que trabalhava de maneira bem mais eficiente que o eixo rígido. Em 1972, a carroceira foi bastante modernizada, e a caminhonete passava a contar com certa leveza de linhas. Linhas suaves, suspensão competente e motor V8 faziam da F-100 o carro do "dono da fazenda", além de também ser o de trabalho. Em meados dos anos 1970, no auge da crise do petróleo, passou a ser equipada com o motor 2.300cm3 (de quatro cilindros). Era muito peso para um motor com vocação de passeio. No início dos anos 1980, com motorização a diesel, foi verdadeira "coqueluche".

FICHA TÉCNICA:

Origem e Fabricação: Ford - EUA, Ford - Brasil
Chassi e Carroceria: separados
Disposição: motor dianteiro e tração traseira
Motor: 8 cilindros em "V" OHV, 4.785cm3 e 190hp (SAE) a 4.400rpm
Câmbio: manual de 3 marchas

Recordar é viver...

Nostalgia urbana (II) - Ford Corcel - 1973


Já dizia Rauzito em sua bela canção "Ouro de Tolo": ...Eu devia estar feliz porque consegui comprar Um Corcel 73......

Pois é: esse ai flagrei próximo a praça da Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Um Ford Corcel - ano/modelo 1973. Está bem conservado! Só o bagageiro não é original.

Um pouco da história:

Quando em 1967, a Ford adquiriu a Willys, o projeto do automóvel que viria a ser batizado de Ford Corcel já estava adiantado. Era o Renault 12 francês, porém reestilizado e adaptado para o Brasil. Desde o lançamento - primeiro veio a versão sedã de quatro portas -, já estava prevista uma versão cupê e uma esportiva (GT). O Corcel foi um sucesso que, quanto mais tempo passava, mais consolidado ficava. Em 1977, foi lançado o Corcel II, uma reestilização completa do pioniero. Em 1982, sobre sua plataforma, foi fabricado o Del Rey, que sobreviveu até o início dos anos 1990. O Corcel nasceu para ser popular e saiu do mercado, 25 anos depois, como carro de prestígio da Ford e do mercado como um todo.

O Corcel ai da foto foi o grande produto da Ford no início da década de 70 e forçou a VW, Chevrolet e a Crhysler a lançarem novos produtos no mercado nacional. O ano de 1973 foi um marco importante para a indústria nacional de veículos.

Ficha Técnica:

Origem  e Fabricação: Renault - França, Ford - Brasil
Chassi e Carroceria: monobloco
Disposição: motor e tração dianteiros
Peso: 944kg em ordem de marcha
Entre eixos: 2.438mm
Motor: 4 cilindros OHV, 1.372cm3 e 85hp (SAE) a 5.400rpm
Câmbio: manual de 4 marchas

Recordar é viver...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Nostalgia urbana (I) - Rural Willys/Ford - 1970


Andando por ai, olha o que eu achei... uma Rural Willys/Ford, ano 1970, em bom estado de conservação... e a tradicional pintura “saia e blusa”. Este utilitário foi um dos veículos pioneiros da nossa indústria automotiva e ajudou a desenvolver nosso país.


Um pouco da história:

A Rural Willys/Ford era um Jeep que transportava passageiros e bagagem com mais conforto que o Jeep, sem abrir mão da capacidade de enfrentar qualquer estrada no Brasil dos anos 1950. É  o primeiro utilitário esporte da história, esporte aqui no sentido de lazer. Pode-se dizer sem medo de errar que é a avó do Jeep Cherokee, que tanto sucesso faz no mundo todo. 

Foi durante muito tempo um veículo extremamente desejado, e a fábrica submeteu a várias evoluções ao longo dos anos. Chegou ao extremo de adequá-la para uso mais civilizado, com tração traseira apenas e suspensão dianteira independente com molas hilicoidais, para aumentar o conforto de marcha.

FICHA TÉCNICA:

Origem e Fabricação: Willys - EUA, Willys - Brasil
Chassi e Carroceria: separados
Disposição: motor dianteiro e tração traseira (ou 4x4)
Peso: 1.488kg em ordem de marcha (1.586kg versão 4x4)
Entre eixos: 2.654mm
Motor: 6 cilindros em linha, com bloco e cabeçote em ferro fundido, refrigerado a água. Comando e válvulas de escapamento no bloco e de admissão no cabeçote - 90cv (SAE) a 4.000rpm, cilindrada total de 2.638cm3
Câmbio: manual com 4 marchas sincronizadas á frente e uma à ré (versão 4x4: 1ª não sincronizada; 3 marchas + reduzida e uma à ré).
Freios: dianteiro/traseiro a tambor

Recordar é viver...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Túnel do Tempo...

O Túnel do Tempo relembra um grande momento brasileiro na F1: a equipe Fittipaldi, que muito nos orgulhou enquanto esteve disputando corridas entre os anos de 1.975 a 1.982.

Na foto o piloto Keke Rosberg com o modelo Fittipaldi-Ford F7 durante a disputa do GP da Bélgica de 1980, em Zolder.

O
finlandês chegou na sétima posição. Didier Pironi (Ligier) foi o vencedor. Alan Jones e Carlos Reutemann (Williams) completaram o pódio.

 

terça-feira, 13 de outubro de 2009

As grandes viradas...


Rubinho está certo em esquecer a matemática e correr para a vitória, tanto em Interlagos como em Abu-Dhabi, e só fazer as contas quando a bandeira quadriculada baixar à sua frente. É uma atitude algébrica chamada, pelos versados na matéria, de “Equação de congruência”: ou seja: “Relação de congruência que se estabelece entre incógnitas, ou entre uma incógnita e uma constante”. Entenderam?

Resumindo, Rubinho Barrichello terá que ser, aritmeticamente incongruente para crer no título. Mas isso não será novidade, pois há bons exemplos de viradas matemáticas nas decisões dos títulos na história da Fórmula 1. Eis alguns casos:

Os azares do Leão da Metro

Talvez Nigel Mansell nem soubesse, mas seu apelido na mídia inglesa, até ganhar o título de 1992, era “Leão da Metro”. Uma alusão ao leão dos Estúdios da Metro, que aparece no início do filme e depois desaparece do espetáculo. Foi uma forma disfarçada dos seus conterrâneos para não consagrá-lo como um piloto azarado, depois das desastrosas derrotas nas decisões dos campeonatos de 1986, 1987 e 1991.

A decisão de 1986 foi a mais dramática. Mansell tinha tudo para ser campeão no GP da Austrália. Largou na pole position e tinha 70 pontos, contra 64 de Alain Prost e 63 de Nelson Piquet. Portanto, bastava ao Leão um simples quarto lugar para ganhar o título mundial, sem se preocupar com a posição dos rivais.
Mansell, ao contrário do seu estilo combativo, fez uma corrida mansa, de chegada, mantendo-se num estratégico quarto lugar. Na 57ª das 82 voltas, ele passou para terceiro e desfilava para o título sem ameaças, mas dois pneus furados, ambos direitos traseiros, mudaram a história do GP da Austrália e o destino do campeonato.
O pneu do Williams-Honda de Mansell furou na 63ª das 82 voltas, 100 metros após a entrada dos boxes, sendo impossível ao Leão vencer uma volta completa pelos 3,780 quilômetros do circuito australiano para fazer o pit stop. Ele bem que tentou, mas o que se viu foi a roda do Williams arrancar faísca do asfalto, na inglória tentativa do Leão de derrotar a má sorte. Já o afortunado Prost teve o pneu do McLaren furado 200 metros antes dos boxes, permitindo ao francês trocá-lo e voltar à pista para ganhar o bicampeonato.

Farina, de azarão a primeiro campeão

Juan Manuel Fangio, Luigi Fagioli e Giuseppe Farina – o famoso trio dos três efes da Alfa Romeo – chegaram ao GP da Itália de 1950, o último da primeira temporada da F-1, em condições matemáticas de ganhar o título. Fangio, o favorito, tinha 26 pontos, Fagioli 24 e Farina, o azarão, com 22, precisava ganhar e torcer para que nenhum dos adversários chegasse em segundo.

Foi a primeira decisão da história da Fórmula 1 na Itália e logo no autódromo de Monza, que virou um caldeirão superlotado e dividido; metade torcendo pelas Ferrari de Alberto Ascari e Dorino Serafini e outra e pelos patrícios Farina e Fagioli, mas todos secando o Fangio, o pole postion.

O argentino partiu possesso. Bateu o recorde da pista na quinta volta e repicou a façanha em outras três. Porém na 34ª das 80 voltas da corrida, o motor da sua Alfa 159 1.5, estourou. Farina assumiu a ponta, com Fagioli em 3º.

Luigi Fagioli lutou desesperadamente, mas “mesmo acelerando com os dois pés” - como declarou depois da prova – não conseguiu ultrapassar a Ferrari V12 4,5 litros, de Alberto Ascari, na luta pelo segundo lugar. A colocação, que lhe daria o título.
Era tudo de que Giuseppe “Nino” Farina precisava. Depois de 504 quilômetros e 2h51min ele, o azarão, venceu o grande prêmio e tornou-se, em 3 de setembro de 1950, o primeiro grande campeão da Fórmula 1 e herói da Itália.

Maracutaia dá título de 1958 a Mike Hawthorn

Mike Hawthorn foi o primeiro campeão inglês de Fórmula 1, mas sua façanha ficou marcada pela interferência do boxe da Ferrari. Quando o circo acampou em Monza, para o penúltimo grande prêmio de 1958, Hawthorn disputava o título com o conterrâneo Stirling Moss e a contagem estava 33 a 30 para o adversário. Mas, na corrida, o norte-americano Phil Hill, segundo piloto da Ferrari, era quem brigava pela vitória contra Tony Brooks, da Vanwall. E ai o boxe interferiu e ordenou que Hill cedesse o segundo lugar a Hawthorn, terceiro naquela altura da prova. Ele obedeceu, trocou de posição e Hawthorn que, com o segundo lugar e sem suor, folgou 6 pontos de Moss.
No GP seguinte, disputado em Marrocos, repetiu-se o expediente. Outra vez Phil Hill estava em segundo e, dessa vez, pronto para ultrapassar o Vanwall de Stirling Moss e ganhar a liderança, quando o boxe mandou ele aliviar e deixar Hawthorn ultrapassá-lo.
Mesmo com a vitória de Moss, Mike Hawthorn sagrou-se campeão, por um pontinho – 42 a 41. De prêmio, o obediente Phil Hill ganhou um contrato de três anos na Ferrari, escuderia pela qual foi campeão mundial – sem maracutaia – em 1961.

John Surtees, campeão em segundo. Graham Hill, vice em primeiro

Muitas corridas, e até títulos mundiais da Fórmula 1, tiveram decisões confusas e nem sempre desfechos justos. O do GP do México de 1964, por exemplo, está registrado como o grande prêmio do título mundial do inglês John Surtees, com a Ferrari 158. Mas, 45 anos depois, ainda existe quem conteste aquela conquista.
Era a última corrida da temporada, na qual Graham Hill, com 39 pontos, John Surtees, com 34, e Jim Clark, com 30, tinham chances matemáticas de ganhar o título mundial. Hill largou em sexto, Surtees em quarto e Clark na pole position. Mas foi o italiano Lorenzo Bandini, segundo piloto da Ferrari e terceiro no grid, quem acabou decidindo o grande prêmio e o campeonato.

Na 62ª das 65 voltas da corrida, Bandini, numa manobra suspeita, fechou o BRM de Hill, obrigando-o a sair da pista para evitar a colisão. O inglês retornou à prova em 11º, depois de perder uma volta.

Duas voltas depois, Bandini obstruiu temerariamente a passagem de Jim Clark, ao colocar o seu carro entre o Lotus do escocês e a Ferrari de Surtees, permitindo a seu parceiro de equipe receber a bandeirada em segundo, atrás de Dan Gurney, o vencedor com o Brabham-Climax. Essas manobras garantiram os títulos de piloto e de construtores à Ferrari.

Para a estatística ficou registrado John Surtees como o campeão e Graham Hill vice. A ironia é que Hill marcou com 41 pontos contra 40 de Surtees. Mas, como o regulamento daquele ano só permitia ao piloto computar os seis melhores resultados, das 10 corridas do calendário, Hill teve de abandonar 2 pontos, do quinto lugar conquistado no GP da Bélgica, contabilizando apenas 39 positivos.
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Wofgang von Trips - A morte dá a virada

Von Trips foi um conde alemão que competiu na F-1 com o pseudônimo de Graf Berghe, para se esconder da oposição familiar, totalmente contra as corridas de automóveis. Ele competiu em 27 grandes prêmios pela Ferrari, entre 1957 a 1961, e foi o primeiro piloto germânico a vencer grandes prêmios – quatro no total – e a chegar à decisão de um título mundial nos primeiros 45 anos da categoria.

Von Trips (1928-1961) morreu em um acidente no GP da Itália de 1961, em Monza, quando disputava o título com o norte-americano Phil Hill. Foi na segunda volta que a Ferrari do alemão enroscou no Lotus de Jim Clark e voou contra o público, matando 14 pessoas, além do piloto.

Apesar da tragédia, houve festa em Monza naquele 10 de setembro de 1961. A Ferrari ganhou os títulos de Construtores e o de Pilotos com Phil Hill que, com o 4º lugar, naquela corrida, ficou 1 ponto à frente e Von Trips (34 a 33). Já a Alemanha teve de aguardar mais 33 anos, para Michael Schumacher nascer e ter um campeão mundial de F-1.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fracasso... (1)


No dia 29 de novembro de 1975, Graham Hill e alguns membros de sua equipe - o piloto Tony Brise, os mecânicos Tony Alcock e Terry Richards, o team manager Ray Brimble e o projetista Andrew Smallman, voltavam de Paul Ricard - onde houvera um teste coletivo da categoria - para a Inglaterra, no Piper Aztec de propriedade do antigo bicampeão mundial.

Em meio à densa neblina, Hill tentou pousar de emergência num clube de golfe que conhecia e que estava no caminho do campo de pouso de Biggin Hill, próximo a Brands Hatch, onde sempre decolava e chegava com suas aeronaves. Mas a aeronave caiu perto do quarto buraco do Arkley Golf Club e ao se espatifar de encontro ao solo, houve incêndio. Todos os ocupantes do Piper Aztec morreram.

Acabou assim, de forma trágica, a trajetória da equipe Embassy-Hill na Fórmula 1. Um sonho iniciado em 1973, quando o velho Graham, já com 44 anos de idade, comprou um Shadow DN1 e com ele disputou grande parte do Mundial daquele ano.

Em 1974, trocou o modelo estadunidense pelo Lola T370, com o qual sua equipe marcou um ponto no Mundial de Construtores. E no ano seguinte, o último da escuderia e o da aposentadoria de Graham Hill, a equipe teve - além dele - Tony Brise, Rolf Stommelen, Alan Jones, Vern Schuppan e François Migault como pilotos.

Stommelen, aliás, sofreu no GP da Espanha, no circuito Parc Montjuich, um dos mais aterradores acidentes da Fórmula 1 e é difícil acreditar que o alemão saiu com vida daquele desastre.
Com o Hill GH1, Brise chegou em 6º lugar no GP da Suécia e Alan Jones foi o 5º no GP da Alemanha. O modelo GH2, segundo projeto da equipe e de Andrew Smallman, era um dos mais interessantes carros para o Mundial de 1976. Conservava o periscópio que seria abolido a partir do GP da Espanha, mas tinha as laterais mais baixas, o aerofólio traseiro e a seção dianteira com um novo desenho.

Um projeto promissor, que infelizmente foi abortado em razão de uma grande tragédia, que não só encerrou as atividades da equipe, como também representou uma perda imensa para a esposa Betty e toda a família, que demorou anos para se reerguer.

E como a vida imita a arte, Damon Hill, filho de Graham, tornou-se o primeiro representante da segunda geração de campeões a ser o número 1 da Fórmula 1, embora seja um dos vitoriosos mais contestados de toda a história da categoria.

TÚNEL DO TEMPO (V)

GP de Mônaco de 1985.



Teo Fabi com o Toleman-Hart TG185. O italiano abandonou a prova com problemas no turbo. 

O vencedor foi Alain Prost, da McLaren-TAG. Em segundo ficou o italiano Michele Alboreto da Ferrari e em terceiro o também italiano Elio de Angelis da Lótus.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mike Hawthorn: 50 anos depois


Para lembrar os 50 anos da morte de Mike Hawthorn, completados na última quinta-feira, dia 22, a cidade de Farnham, onde ele viveu durante muitos anos, realizou ontem uma cerimônia religiosa na Igreja de Saint Andrews. Estiveram presentes os ex-pilotos Stirling Moss e Damon Hill. Foi uma justa homenagem a quem até hoje é lembrado por ter sido o primeiro piloto inglês a conquistar um título na Fórmula-1, em 1958.

O envolvimento de John Michael Hawthorn com o automobilismo começou muito cedo. Seu pai, Leslie, um ex-motociclista do período pré-guerra, era dono de uma pequena oficina e proporcionava ao pequeno Mike um contato diário com carros e motos de todos os tipos. Não demorou para que, aos nove anos, o garoto tomasse a decisão de tornar-se piloto de corridas quando crescesse.

Seu pai, apesar de incentivar o sonho, ainda tentou prepará-lo para ajudar nos negócios da família, matriculando-o em uma escola técnica, mas os interesses de Mike estavam bem longe dos estudos. Em qualquer oportunidade que surgisse, lá estava ele, acompanhando as provas que eram disputadas no circuito de Brooklands.

O início nas pistas

Aos 21 anos, Hawthorn dá início à sua bem-sucedida carreira, correndo pela Fórmula-2, onde progride rapidamente, chamando a atenção de todos os que o acompanhavam nas pistas. A estréia na Fórmula-1 ocorre em 1952, no GP da Bélgica, ainda correndo de Fórmula-2 - o que era permitido pelo regulamento daquele ano - e terminando a corrida com um excelente quarto lugar. Na Inglaterra, já correndo pela Cooper, conquista o primeiro pódio e, graças à sua regularidade e mais um quarto lugar na Holanda, termina o campeonato na quinta colocação. Nada mau para um estreante.

Tais resultados foram suficientes para que Mike assinasse com a Ferrari para disputar a temporada seguinte. E é pela equipe italiana que conquista sua primeira vitória, no GP da França, em Reims, depois de uma dura disputa com Juan Manuel Fangio. Em 1954, a morte de seu pai em um acidente de trânsito o abala profundamente, a ponto de influenciar diretamente seu desempenho nas pistas, obtendo seu melhor resultado com a vitória no GP da Espanha. Apesar disso, termina o campeonato em terceiro lugar, com 24,64 pontos.

A consagração

Em 1955, Hawthorn deixa a Ferrari e transfere-se para Vanwall, mas sem obter grandes resultados. Nesse mesmo ano, a bordo de um Jaguar D Type, vence as famosas 24 Horas de Le Mans, onde ocorre a maior tragédia do automobilismo mundial, que resulta na morte do piloto francês Pierre Levegh e de 80 espectadores. Na Fórmula-1, Hawthorn disputa ainda algumas provas pela Ferrari, obtendo resultados razoáveis, provavelmente em função do abalo causado pelo acidente em Le Mans.

No ano seguinte, novamente deixa a Ferrari para cair nos braços da BRM, e mais uma vez os resultados não são os esperados. Hawthorn disputa ainda uma prova pela Vanwall, na França, onde obtém apenas o décimo lugar. Em 1957, volta a correr pela Ferrari, onde encerraria sua carreira. Nesse mesmo ano, conquista dois pódios, mas nenhuma vitória, encerrando a temporada com 13 pontos e o quarto lugar na classificação geral. No ano seguinte, vem a conquista maior: o título de campeão, com apenas um ponto de vantagem sobre Stirling Moss, uma vitória na França e um total de sete pódios.

O fim de um campeão

A essa altura, o mais novo campeão mundial tinha perdido boa parte de seu interesse pelas corridas. Tudo o que queria a partir dali era se aposentar das pistas, cuidar dos negócios em Farnham e viver tranqüilamente ao lado de sua noiva, a modelo Jean Howart. E foi justamente o que aconteceu. Logo após a conquista do título, Hawthorn, precursor do uso da viseira no capacete e famoso por correr sempre trajando uma jaqueta verde e de gravata borboleta, anunciou sua saída definitiva da Fórmula-1.

O jovem campeão teve pouco tempo para curtir o título. Hawthorn morreria três meses depois em um acidente de estrada até hoje mal explicado, em Guildford, a caminho de Londres, ao perder o controle de sua Jaguar e bater de lado em uma árvore.

Até hoje, muitos atribuem como causa um suposto racha entre Hawthorn e Rob Walker, o chefe da BRM, que passava pelo local no momento do acidente. Walker negou essa versão até sua morte, em 2002, alegando que o encontro entre os dois não passara de uma coincidência. De qualquer forma, Hawthorn não viveria muito tempo, pois, pouco antes da conquista do título, fora diagnosticado com uma doença incurável nos rins. Segundo os médicos, a doença lhe daria apenas um ano e meio de vida.

Seu funeral, seis dias após o acidente, foi acompanhado por milhares pessoas, apesar do desejo da mãe de Hawthorn para que a cerimônia fosse restrita a amigos e familiares.

Entre seus colegas da Fórmula-1, estiveram presentes no enterro seu amigo e rival Stirling Moss, além de Duncan Hamilton (com quem Hawthorn pretendia abrir um negócio quando se retirasse das pistas), Ivor Bueb, Rob Walker, Tony Rolt, Innes Ireland, Horace Gould e Graham Hill. E assim a Inglaterra se despediu de seu primeiro grande campeão.

Outras Informações:

Nascimento: 10 de abril de 1929
Local: Mexborough (Inglaterra)

Histórico na Fórmula-1:

Estréia: 1952 (GP da Bélgica / Leslie Hawthorn-Bristol)
Equipes: Leslie Hawthorn, Archie Bryde, Ferrari, Vanwall, BRM e Maserati
GPs Disputados: 45
Vitórias: 3
Pole Positions: 4
Largadas na 1ª Fila: 17
Melhores Voltas: 6
Voltas na Liderança: 225
Pódios: 18
Pontos: 112,64
Abandonos: 14
Melhor Resultado: Campeão (1958)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Coopersucar Fittipaldi - o sonho brasileiro na F1...

A equipe surgiu em 1975 e fez sua estréia no GP da Argentina. Wilson Fittipaldi Jr. era o piloto e naquele ano a equipe teve como melhor resultado o 10º lugar no GP do EUA em Watkins Glen em 05/10/1975. Foi a última corrida de Wilsinho na F1. Entre 1976 e 1980 a equipe teve como piloto principal o bi-campeão Emerson Fittipaldi, que teve como melhor colocação, o 2° lugar no GP do Brasil em Jacarepaguá em 29/01/1978. Em 1981 teve como piloto principal o finlândes Keke Rosberg (campeão em 1982 pela Williams) e em 1982 Chico Serra. Este seria o último ano da equipe na F1.





Túnel do Tempo (IV)

GP da Argentina de 1974 - Buenos Aires - Autódromo Oscar Galvez.

Henri Pescarolo e seu BRM P160E. O piloto francês chegou em nono, uma volta atrás do vencedor Denny Hulme (McLaren-Ford). O austríaco Niki Lauda (Ferrari) foi o 2º colocado e o suíço Clay Regazzoni, também da Ferrari, completou o pódio.




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO (III)

Nelson Piquet “passeia” com sua Williams-Honda FW11B pelo circuito de Hockenheim durante a disputa do GP da Alemanha de 1987.

Piquet venceu a prova seguido pelo sueco Stefan Johansson da McLaren. Ayrton Senna (Lótus) completou o pódio na 3ª posição.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO (II)

GP dos Estados Unidos de 1974, em Watkins Glen

Emerson Fittipaldi e seu McLaren-Ford M23 durante a disputa do GP dos EUA de 1974 no circuito de Watkins Glen. 


A prova foi vencida pelo argentino Carlos Reutemann da Brabham seguido por José Carlos Pace seu parceiro de equipe. James Hunt da Hesketh completou o pódio.

Com o 4º lugar da prova, Emerson sagrou-se bicampeão mundial de Fórmula 1.


Recordar é viver...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

TÚNEL DO TEMPO (I)

GP da Itália de 1967, em Monza

Contornando a desafiadora parabólica os pilotos John Surtees (Honda RA300) e Bruce McLaren (McLaren M5A-BRM).

A vitória foi de John Surtees com Jack Brabham em segundo a apenas 0,20s de diferença. Jim Clark (Lotus) completou o pódio.



segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Decisão foi a mais fantástica da história

por Livio Oricchio

Desde que a Fórmula 1 começou a ser disputada, em 1950, ontem foi a 25ª vez que o título acabou definido na etapa final do campeonato. Não como ontem, mas em outras edições do Mundial também as emoções foram fortes. Em 1956, o inglês Peter Collins, da Ferrari, parou e cedeu seu carro para o argentino Juan Manuel Fangio, que tivera problemas no GP da Itália. Fangio assumiu a Ferrari, durante a corrida – era permitido – recebeu a bandeirada em terceiro e acabou campeão. O inglês Stirling Moss, da Maserati, ganhou a corrida mas foi vice.
Em 1958, o inglês Mike Hawthorn, da Ferrari, conquistou o título porque seu companheiro, o norte-americano Phil Hill, o deixou passar na última volta para ser segundo e de novo Moss, da Vanwall, ser segundo no Mundial. O escocês voador chorou no dia 25 de outubro de 1964, na cidade do México. Liderou a prova com sua Lotus até a última volta. De repente o motor Climax quebrou. Clark seria campeão do mundo pela segunda vez. Com o abandono, Lorenzo Bandini permitiu ao companheiro de Ferrari, John Surtis, ultrapassá-lo para ser segundo e campeão do mundo.

Ainda esta viva na mente de muitos fãs da Fórmula 1 o GP do Japão de 1976. James Hunt, da McLaren, precisava do terceiro lugar para tirar de Niki Lauda, Ferrari, o título. O inglês demorou para trocar os pneus de pista molhada para os de asfalto seco e caiu para o quinto lugar. Na última volta, Hunt ganhou as posições de Alan Jones, da Surtees, e de Clay Regazzoni, Ferrari, chegou na terceira colocação e celebrou a conquista.

No GP da Austrália de 1986, Nigel Mansell, da Williams, ocupava o terceiro lugar, em Adelaide. Era o suficiente para ser campeão pela primeira vez. Na etapa anterior, a Pirelli forneceu um pneu para a Benetton que dava autonomia ao piloto terminar a corrida sem substituição e Gerhard Berger, da equipe italiana, venceu. A etapa de Adelaide era a seguinte. A Goodyear então fez um pneu que, supostamente, permitiria o mesmo a seus pilotos.

Não deu certo: o pneu traseiro esquerdo de Mansell explodiu na reta. A Williams precisou chamar Nelson Piquet, líder, para os boxes, para não acontecer o mesmo e, assim, perdeu a chance de ser campeão. Alain Prost, da McLaren, que vinha atrás, foi primeiro e comemorou o bicampeonato.

Ano passado, no Brasil também, Lewis Hamilton, da McLaren, se fosse quinto, ficaria com o título. Acabou em sétimo e, com a vitória, Kimi Raikkonen, da Ferrari, sete pontos atrás antes da largada, fez a festa.