Quis o destino que, no dia do 40º aniversário da primeira vitória de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1, o braço-direito de Colin Chapman daquela e de outras épocas, perdesse a vida. O britânico Peter Warr, aos 72 anos de idade, sofreu um infarto fulminante nesta segunda-feira, em sua residência na França.
Warr, que foi piloto de automóveis depois de servir o exército, tornou-se o fiel escudeiro de Colin Chapman na Lotus. Ele era o diretor da equipe quando Emerson venceu seu primeiro GP em Watkins Glen e foi graças aos esforços de Peter que o brasileiro foi campeão mundial de Fórmula 1 em 1972. Simples: basta lembrar do episódio em que o caminhão do time capotou a caminho de Monza, espalhando peças numa auto-estrada italiana e destruindo o chassi titular que Fittipaldi usaria naquela corrida. Prevenido, Warr já tinha reservado um outro caminhão com equipamentos extras na França e este veículo chegou a tempo para que Emerson não perdesse os treinos e a chance de ser campeão, como de fato foi.
Em meio à mais uma crise técnica da Lotus, Peter Warr assumiu um desafio: em 1976, deixou a equipe para coordenar a Walter Wolf Racing Team, montada pelo multimilionário austro-canadense Walter Wolf. O carro, desenhado por Harvey Postlethwaite, venceu na estreia em Buenos Aires com Jody Scheckter e o sul-africano foi vice-campeão mundial. A equipe terminou em 4º lugar no Mundial de Construtores, deixando para trás equipes tradicionais como Brabham e Tyrrell.
A Wolf ficou pouco tempo na Fórmula 1: até o fim de 1979, quando seu espólio, incluindo a oficina e parte do pessoal, foram absorvidos pela Fittipaldi, onde Peter Warr trabalhou durante todo o ano de 1980, tentando estruturar uma equipe de alma brasileira em território britânico. O dirigente logo saiu da Fittipaldi, pois no ano seguinte regressava à Lotus a convite de Colin Chapman.
Com a morte do lendário construtor, sempre envolta em mistério, no fim de 82, Peter Warr assumiu a chefia geral das operações da John Player Special Team Lotus. Foi Peter quem trouxe para o time um jovem talentoso chamado Ayrton Senna, que deu ao time suas últimas conquistas na Fórmula 1. Porém, numa de suas raras previsões que não deu certo, o dirigente disse que Nigel Mansell, o piloto que acabara de demitir, “jamais ganharia uma corrida de automóveis”. Mansell não só ganhou 31 GPs, como foi campeão mundial em 1992 e campeão da CART em 1993.
Após um ano tecnicamente difícil em 1988, Peter Warr não resistiu às pressões e deixou a Lotus e o automobilismo no início de 1989. Rupert Mainwaring e Peter Collins assumiram o posto de Peter, que assim foi curtir uma merecida aposentadoria.
A morte daquele que é considerado por alguns “a última lenda” da história do Team Lotus, comoveu Bernie Ecclestone. “Ele foi muito importante a ajudar a Fórmula 1 a se tornar o que é hoje”, afirmou o todo-poderoso da Formula One Management (FOM).
2 comentários:
Fica pra mim a saudade de um tempo em que a F1 exibia seus "gênios" e suas criações espetaculares
Ao lado de Chapmann, foi o "cérebro" do time britânico e além do Fittipaldi, revelou ao mundo o imortal Ayrton Senna
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