Mika Hakkinen veio a público nesta segunda-feira para dizer que o campeonato de F1 desse ano é o mais emocionante dos últimos tempos. De fato. A diferença que separa os postulantes ao título é ínfima, considerando apenas os três primeiros, uma vez que os pilotos da McLaren, embora tenham notória competência, têm sucumbido nas últimas corridas graças à supremacia da Red Bull e a constância de Fernando Alonso.
Ao ver três pilotos diretamente na luta pelo título faltando três provas para o encerramento do Mundial desse ano, me recordo de 1986. Faltando três corridas para a definição do título (Portugal, México e Austrália), Nigel Mansell liderava o campeonato com 61 pontos, seguido por Nelson Piquet com 56, e Alain Prost, com 53.
Embora tenha vencido três corridas na temporada, o ‘Professor’ correu por fora na luta pelo bicampeonato, sem contar com qualquer auxílio de seu companheiro de McLaren, Keke Rosberg, este, em fim de carreira. O FW11 de Mansell e Piquet, movido pelos motores Honda, era superior ao MP4-6C pilotado por Prost, que conseguia diminuir a diferença para a Williams no braço. É um cenário bastante parecido com o atual, no qual a Red Bull desponta como a força a ser batida, com Alonso assumindo o papel de azarão, ainda que esteja na vice-liderança do Mundial.
Mansell venceu no Estoril, tendo Prost em segundo e Piquet em terceiro. O resultado permitiu ao ‘Leão’ abrir dez pontos para o brasileiro e 11 para o piloto da McLaren. Com uma combinação de resultados, o britânico poderia até sair do Hermanos Rodriguez como campeão do mundo. Mas o costumeiro azar do ‘Cinco Vermelho’ — que ficou parado no grid de largada —, aliado à constância de Prost, segundo, atrás de Gerhard Berger, que venceu pela primeira vez na carreira, levou a decisão para a Adelaide.
O britânico da Williams ainda era o líder, só que dessa vez, com vantagem bem menor para Prost. Mansell ostentava 70 pontos, seis a mais que o gaulês e sete à frente de Piquet. O cenário estava desenhado para aquela que seria uma das mais incríveis decisões de título da F1.
Mansell largou o GP da Austrália na pole, seguido por Piquet. Tinha tudo para ser a coroação do ‘Leão’, já que a Williams já havia faturado com muita antecedência o título dos Construtores. O que se viu desde o início da prova foi um azar retumbante do inglês, que perdeu três posições na primeira volta e viu o rival Piquet disparar e tomar a ponta de Ayrton Senna, que largou bem.
A partir da volta 23, começou o calvário da Williams, quando Piquet rodou e perdeu a liderança para Rosberg. O que se viu em Adelaide foi uma sucessão de tragédias da equipe inglesa, tanto de Nigel, que abandonou a prova com um pneu furado, quanto da equipe, que trouxe Piquet aos boxes por medo que pudesse acontecer o mesmo com ele, e entregou o título de bandeja para Prost, que só teve o trabalho de levar sua McLaren à vitória.
Como disse Bernie Ecclestone em entrevista veiculada pelo site da F1, sorte é estar no lugar certo e na hora certa. Como estava Prost em 1986. E como parece estar com Alonso neste ano. É incrível a sorte do espanhol nas corridas desta temporada, desde a primeira no Bahrein, quando a vitória — que era para ser de Vettel, com problemas — caiu em seu colo. Mesmo com um carro teoricamente inferior aos RB6 de Webber e Vettel, o asturiano surge como aposta para o título desse ano. Como foi com o ‘Professor’ há 24 anos, quando ninguém mais acreditava nele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário